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Operação Sisamnes revela esquema de vazamento de decisões judiciais e expõe rede de influência no STJ e no Tocantins

Nova fase da Operação da PF resulta na prisão de assessor do MPTO e do cunhado do governador. Esquema envolvia monitoramento de inquéritos no STJ e repasse ilegal de informações.

ma nova fase da Operação Sisamnes, deflagrada pela Polícia Federal (PF) no dia 18 de março de 2025, trouxe à tona um sofisticado esquema de vazamento de decisões judiciais do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O caso envolve advogados, membros do Ministério Público, empresários e até magistrados, e já provocou desdobramentos políticos e jurídicos no estado do Tocantins.

Foram alvos da operação:

  • Thiago Marcos Barbosa de Carvalho, advogado, sobrinho do governador Wanderlei Barbosa e até então assessor jurídico do MPTO;
  • Goianyr Barbosa, cunhado do governador e ex-prefeito de Almas, detido após tentativa de descartar uma mochila com R$ 22,5 mil;
  • Ricardo Vicente da Silva, procurador de Justiça do MPTO, que teve mandados de busca cumpridos em sua residência e gabinete;
  • Além de outros nomes ligados ao poder judiciário regional.

Investigação aponta rede de espionagem judicial e corrupção sistêmica

A Operação Sisamnes começou em 2023, após a Polícia Federal acessar dados do celular de um advogado assassinado em Mato Grosso. As mensagens obtidas pela PF revelavam o funcionamento de um esquema voltado à negociação de decisões judiciais no STJ, com trânsito de informações confidenciais sobre operações como a Fames-19 (relacionada à compra de cestas básicas) e a Máximus (sobre venda de sentenças).

A atuação da quadrilha envolvia monitoramento constante de processos em Brasília, repasse de documentos sigilosos a políticos e autoridades locais e até alertas antecipados sobre investigações em curso contra magistrados.

Áudios e mensagens revelam acesso ilegal e repasse ao governador

Trechos de mensagens interceptadas pela PF mostram Thiago Barbosa relatando que obteve acesso completo a um inquérito sob segredo de justiça no STJ e que teria repassado os dados ao governador Wanderlei Barbosa por meio de um pen drive.

“Consegui o acesso a ele total, inclusive passei, botei no pen drive, passei pra tio Wanderlei, falei pra ele o que é que tava acontecendo”, disse Thiago em 28 de junho de 2024.

A defesa do governador alegou que ele já tinha acesso legal ao processo desde abril de 2024, por meio de trâmites institucionais. Ressaltou ainda que nem Thiago nem Goianyr mantinham vínculo funcional com o governo estadual.

Ligação com o desembargador Helvécio Maia expõe elo entre investigações

Outro trecho importante das investigações liga Thiago Barbosa ao desembargador Helvécio de Brito Maia Neto, afastado do TJTO em 2024 por suposto envolvimento em venda de sentenças, na Operação Máximus. Thiago teria alertado o magistrado sobre inquéritos em andamento contra ele, revelando o uso de “companheiros em Brasília” para vasculhar dados sigilosos.

Esses elementos reforçam a tese da PF de que havia uma rede ativa e coordenada de violação do sigilo judicial, com interesses políticos, jurídicos e econômicos entrelaçados.

PF encontra dinheiro em casa e prende cunhado do governador

Durante o cumprimento dos mandados, agentes encontraram uma mochila com R$ 22,5 mil em espécie na residência de Goianyr Barbosa. Segundo a defesa, ele jogou o dinheiro pela janela por achar que se tratava de um assalto.

A defesa alegou que não há ilegalidade em manter valores em espécie abaixo de R$ 30 mil, desde que declarados posteriormente, e afirma que vai buscar a liberdade imediata do ex-prefeito.

Reações das instituições envolvidas

  • Ministério Público do Tocantins (MPTO): Exonerou Thiago Barbosa e afirmou cumprir integralmente as decisões do STF.
  • Defesa do governador Wanderlei Barbosa: Reforçou que ele não é investigado e que teve acesso regular ao inquérito.
  • Defesa de Ricardo Vicente e Helvécio Maia: Preferiram não se manifestar até ter acesso completo aos autos.

Impacto institucional e expectativas futuras

A Operação Sisamnes, cujo nome homenageia um juiz persa condenado por corrupção, escancara as fragilidades do sistema de controle sobre membros do Judiciário e do Ministério Público. O caso chama atenção pela proximidade dos investigados com o núcleo de poder do Tocantins e levanta debates sobre a eficácia dos mecanismos de fiscalização.

Para o jurista José Garcez, professor da FGV Direito SP, “o caso Sisamnes demonstra a urgência de se reforçar a transparência nas cortes superiores e ampliar o controle externo sobre o sistema de justiça”.

A expectativa é de que novos desdobramentos surjam nas próximas semanas, inclusive com quebra de sigilos, denúncias formais e possível nova fase da operação, dependendo do andamento do inquérito no STF.

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