A notícia de que a Universidade de Gurupi (UnirG) estuda a instalação de um novo curso de Medicina no município de Colinas do Tocantins reacendeu o debate sobre a expansão do ensino superior na área da saúde no estado. Procurada pelo Diário Tocantinense, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) informou que apoia a abertura de novas faculdades médicas, mas esclareceu que a proposta ainda não foi oficialmente apresentada à Pasta nem ao Conselho Estadual de Saúde.
“A SES-TO informa que apoia a ampliação do ensino em saúde e a abertura de novas faculdades de medicina significa um avanço para a assistência da população. […] Até o momento não foi solicitada manifestação a respeito do assunto e a matéria ainda não chegou para o debate e aprovação junto ao Conselho Estadual de Saúde”, diz trecho da nota oficial enviada à reportagem.
Expansão médica no interior: oportunidade ou improviso?
A instalação de um curso de Medicina em Colinas do Tocantins é vista por lideranças regionais como uma oportunidade de fomentar o desenvolvimento local, gerar empregos, estimular o setor de saúde e atrair investimentos públicos e privados. No entanto, a ausência de consulta formal à Secretaria e ao Conselho responsável por aprovar políticas públicas da saúde levanta questionamentos sobre o estágio real da proposta.
Especialistas ouvidos pelo Diário Tocantinense apontam que, embora o estado tenha déficit de profissionais médicos, especialmente no interior, a criação de um novo curso deve passar por avaliações técnicas, incluindo viabilidade da rede hospitalar local, capacidade de preceptoria, infraestrutura e inserção no sistema de saúde.
UnirG ainda não se pronunciou sobre o curso de Medicina em Colinas
A equipe de reportagem entrou em contato com a Universidade de Gurupi (UnirG) por meio de seu e-mail institucional, solicitando esclarecimentos sobre o projeto. Até o fechamento desta matéria, a universidade não respondeu.
A UnirG é uma das instituições de ensino superior mais relevantes do Tocantins e já possui curso de Medicina autorizado e em funcionamento no campus de Gurupi. A expansão para Colinas, caso confirmada, representaria um movimento estratégico de interiorização do ensino superior em saúde, mas precisa seguir os trâmites legais exigidos pelo Ministério da Educação (MEC) e pelas autoridades estaduais.
Conselho Estadual de Saúde não foi acionado
A instância colegiada responsável por deliberar sobre temas da saúde pública, o Conselho Estadual de Saúde do Tocantins, também não foi informado oficialmente sobre a proposta. Segundo a SES-TO, qualquer nova iniciativa na área deve passar pelo crivo do Conselho antes de ser implementada.
Sem esse aval, não há como avançar com a abertura de um curso médico, mesmo com o apoio político ou acadêmico local. A ausência de debate no colegiado também indica que a proposta ainda está em fase embrionária ou extraoficial.
O que está em jogo: saúde, educação e desenvolvimento regional
Se concretizada, a implantação de um curso de Medicina em Colinas poderá impactar diretamente a qualidade da assistência médica regional, ao formar novos profissionais e fixá-los no interior. Além disso, o projeto tem potencial para movimentar setores como moradia estudantil, comércio, transporte e serviços de saúde, promovendo um efeito multiplicador na economia da região.
Por outro lado, especialistas alertam para os riscos de abrir cursos sem a devida estrutura de suporte clínico e hospitalar, o que comprometeria não apenas a formação dos alunos, mas também a própria assistência médica à população.
Conclusão: proposta gera expectativa, mas ainda carece de formalização
A manifestação da Secretaria de Saúde do Tocantins reforça o interesse do Estado em ampliar o ensino em saúde, mas também evidencia que qualquer nova iniciativa precisa respeitar os trâmites institucionais e legais. Sem resposta da UnirG e sem envio da proposta ao Conselho Estadual, não há, por ora, confirmação oficial de que o curso será aberto em Colinas.
O Diário Tocantinense segue acompanhando o tema e mantém o espaço aberto para manifestação da UnirG, do Conselho Estadual de Saúde, do Ministério da Educação e de lideranças locais envolvidas.
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