Operação Fames-19: empresário Joseph Madeira é solto após fiança; investigação sobre desvio de cestas básicas continua

O empresário e presidente da Associação Comercial e Industrial de Palmas (Acipa), Joseph Madeira, foi solto após pagar uma fiança de R$ 100 mil. A prisão ocorreu durante a Operação Fames-19, conduzida pela Polícia Civil, que investiga o desvio de recursos públicos destinados à compra de cestas básicas durante a pandemia de COVID-19. Segundo a defesa de Madeira, ele foi preso por não estar com um celular que deveria ser apreendido pela Polícia Federal.

A operação, que aconteceu na última quarta-feira (21), cumpriu 42 mandados de busca e apreensão. Madeira não estava em casa no momento das buscas, mas colaborou assim que foi contatado pela polícia.

Além de Madeira, a investigação envolve o governador Wanderlei Barbosa, dois de seus filhos, a primeira-dama Karynne Sotero, entre outros empresários e políticos. Barbosa, que era vice-governador durante o período investigado (2020-2021), afirmou não ter controle sobre as despesas da distribuição das cestas básicas.

A Polícia Federal identificou indícios de um esquema para desviar recursos destinados às cestas básicas, com empresas contratadas recebendo o valor total dos contratos, mas entregando apenas parte do quantitativo acordado. A operação recebeu o nome Fames-19, em referência à fome (fames, em latim) e ao ano de 2019, quando a pandemia começou. Medidas cautelares patrimoniais foram adotadas para aprofundar as investigações.

A primeira-dama Karynne Sotero afirmou ter recebido com "espanto e perplexidade" a notícia de ser alvo de busca e apreensão. O governo do Tocantins declarou que está colaborando com as investigações.

Confira abaixo o infográfico feito pelo DT, após a deflagração e divulgação pela PF da decisão do Ministro do Superior Tribunal de Justiça do Tocantins (STJ)

Layane de Sousa Silva, ex-assessora da Governadoria, recebeu R$ 493.000,00 de empresários investigados e realizou saques totalizando R$ 916.333,00, valor incompatível com seu salário de R$ 5.712,72. A investigação revelou que Layane foi repassada por empresários envolvidos em contratos milionários com o governo. Seu nome foi incluído na lista dos exonerados, mas o governo do estado não se pronunciou sobre o caso.

Gilson Sousa Silva, delegado da Polícia Civil e vice-presidente da Agência de Mineração do Estado do Tocantins (Ameto), foi exonerado do cargo após ser mencionado na investigação por ter recebido R$ 90.000,00 da empresa Sabores Regionais, controlada por Joseph Ribamar Madeira, e ter realizado transferências para o empresário durante as contratações.

Lizandra Paz de Oliveira, que ocupava o cargo de analista II da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas), foi destituída. Ela foi identificada como uma das principais servidoras envolvidas na documentação dos fornecimentos e na contratação das empresas investigadas. A PF encontrou indícios de evolução patrimonial incompatível com seu salário de R$ 3.500,00 e uma tentativa de justificar irregularidades em um relatório.

Nelsifran Sousa Lins, ex-assessor especial técnico da Secretaria da Administração, foi exonerado. Ele atuava como diretor de administração e finanças e foi responsável por assinar documentos que possibilitaram a contratação das empresas envolvidas no esquema. Nelsifran também foi mencionado em uma procuração assinada por um ex-sócio de uma das empresas investigadas.

Taciano Darcles Santana Souza, ex-assessor especial do gabinete do governador, foi exonerado após ser apontado como proprietário de uma das empresas envolvidas e por ter recebido valores de empresas suspeitas. Dois de seus filhos também foram citados por receberem valores de empresas investigadas.

Tiago da Silva Costa, ex-superintendente de desporto escolar da Secretaria da Educação, foi destituído do cargo. A investigação revelou que ele teria recebido R$ 5.000,00 do proprietário de duas empresas contratadas pela Setas e movimentado valores para Joseph Madeira.

Warks Márcio Ribeiro de Souza, ex-assessor especial do gabinete do governador, recebeu R$ 119.762,00 de uma empresa contratada para fornecer cestas básicas, que tinha um contrato total de R$ 1.516.000,00. Além disso, Warks realizou transferências para outros investigados, incluindo Layane Sousa.

A operação identificou uma organização criminosa com quatro grandes núcleos: político, empresarial, servidores públicos e lavagem de dinheiro. A investigação também inclui empresários e ex-sócios de empresas como Sabores Regionais Distribuição, Delikato Comércio de Alimentos e Eletrônicos LTDA, MC Comércio de Alimentos EIRELI-ME, e L Maia da Costa LTDA. A PF identificou movimentações financeiras atípicas e a possível prática de lavagem de dinheiro.

Entre os investigados estão também Welber Guedes de Morais, empresário das empresas Mercado das Carnes EIRELI e Médio Norte Atacadista LTDA, que transferiu R$ 5.000,00 para o governador e seus filhos e movimentou mais de R$ 14 milhões em contratos com a Setas. Joseph Ribamar Madeira, associado às empresas mencionadas, e sua esposa, Adriana Rodrigues Santos, também estão implicados por práticas de lavagem de dinheiro.

A operação Fames-19 resultou no cumprimento de 42 mandados de busca e apreensão e continua em andamento, com medidas cautelares solicitadas para todos os envolvidos. Os demais envolvidos você pode conferir nesse link:

 

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