Especialista em Saúde Mental explica sobre mitos que geram violência associados aos transtornos mentais

Diante dos fatos ocorridos na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, na última quarta-feira,13, que envolveu mortes de profissionais e alunos, a Secretaria da Saúde de Palmas, por meio da Gerência de Saúde Mental, orienta sobre mitos que a população comumente associa a violência aos transtornos mentais.

A gerente de Saúde Mental de Palmas, Dhieine Caminski, que também é psicóloga especialista em Saúde da Família, explica que antes de mais nada, é importante que a população evite o compartilhamento de fotos e vídeos de episódios como o da escola em Suzano. Dhieine lembra que há um consenso entre os especialistas em saúde mental nesta questão, pois há chances reais de reprodução, principalmente por pessoas que estão mais vulneráveis a fragilidades psicossociais.

“Muitas dúvidas e lacunas permeiam o imaginário da população procurando uma resposta, um motivo, uma justificativa quando situações de violência como esta ocorrem. No primeiro momento de enfrentamento à violência, que tem um ciclo de resposta rápido, as pessoas utilizam da despersonalização do autor de violência, o tratando como um ‘monstro’, pois desta forma se torna mais fácil para as pessoas aceitarem que as pessoas ‘normais’ não seriam capazes de violência de tal proporção”, observa a especialista, explicando ainda que, após a retirada da humanidade dessas pessoas, vem a fase da explicação ou atribuição uni-causal da responsabilidade ‘mãe era usuária de drogas’, ‘avó faleceu recentemente’ ‘era psicopata’, e variadas justificativas de como a pessoa se transformou nesse ‘monstro’.

De acordo com a especialista, num terceiro momento, as pessoas se sentem na responsabilidade de dar uma resolução para que as situações de violência não ocorram mais, como dizer que ‘as crianças e adolescentes precisam de mais limites’, ‘os pais precisam ficar mais atentos’, ‘se o professor estivesse armado isso não aconteceria’. É muito importante atentar para o contexto social e cultural no modo da produção da violência e de suas repercussões, principalmente no viés político, econômico e cultural.

A gerente destaca que de maneira geral, as orientações dos especialistas vem na contra-mão do que comumente se vê como resolução diz a psicóloga pontuando alguns aspectos.

A saúde mental está diretamente correlacionada com a promoção de relações, afetos, vínculos de proteção e autonomia e isso significa que toda nossa trajetória pessoal e histórico social estão intimamente ligados, ou seja, não há uma única explicação e não há uma única solução.

A promoção da saúde mental nos variados espaços da sociedade tem muito mais potência na prevenção de todo o tipo de violência do que ações voltadas para a discussão de fatos isolados, ou seja, rodas de conversa e apoio mútuo, atividades culturais, recreacionais, aproximação de pais, professores, crianças, adolescentes, sociedade, atividades esportivas, integração social, geração de renda, economia solidária e outras tem a capacidade de promover vínculos mais fortalecidos, desconstrução de polaridades que possam alimentar a violência em seu ciclo reprodutivo.

Por fim, a associação da violência com a presença de transtornos mentais no caso de tragédias como esta é facilmente realizada, pois não há um conhecimento de fato sobre o que é o transtorno mental, quais são suas repercussões na vida dos sujeitos que apresentam tais transtornos e há uma banalização da expressão ‘psicopata’.

Dhieine ressalta que psicopatia, sociopatia ou transtorno da personalidade antissocial é um comportamento caracterizado pelo padrão invasivo de desrespeito e violação dos direitos dos outros que se inicia na infância ou começo da adolescência e continua na idade adulta. “Nesse sentido, além de uma família protetiva e habilidades parentais, aspectos de acesso à educação, cultura, bases materiais mínimas e estímulo no desenvolvimento de habilidades sociais, de comunicação e emocionais são decisivos na construção de meios para que pessoas com tais transtornos consigam ser socialmente funcionais”, orienta. (Com informações da Assessoria)

Compartilhe nas redes:

Rua José Pereira De Lima, 1975
Setor Campinas – Colinas do Tocantins
CEP: 77760-000

Contato: (63) 9 8148 7369
administrativo@diariotocantinense.com.br

© 2003-2024 - Diário Tocantinense. Todos os direitos reservados.