Uma vistoria feita pelo Ministério Público do Tocantins (MPTO) neste mês constatou uma série de irregularidades no funcionamento do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Droga (CAPS AD III), em Araguaína.
Foram ao local a promotora de Justiça Bartira Silva Quinteiro, titular da 5ª Promotoria de Justiça de Araguaína, e sua equipe técnica. O objetivo foi averiguar a prestação do serviço público de saúde mental oferecido na unidade, levando em consideração o atendimento ao usuário, a disponibilidade de medicamentos e insumos, a estrutura física e as condições de trabalho dos servidores.
De acordo com o relatório do MPTO, a estrutura é inadequada para atender os oito pacientes internados na unidade e as cerca de 35 pessoas que procuram o centro diariamente.
A unidade funciona num imóvel residencial, não oferecendo espaço amplo para a convivência e realização de atividades multidisciplinares. O local também não oferece acessibilidade para deficientes e cadeirantes.
A estrutura da casa é antiga e foi possível encontrar mofos; paredes rachadas, riscadas ou descascadas; janelas danificadas; espaços desorganizados; e poluição visual de cartazes.
“Além disso, o único banheiro que constatamos existir no primeiro piso do prédio estava interditado, levando a conclusão de que os familiares e servidores estão utilizando os mesmos banheiros usados pelos internos na área dos alojamentos”, cita o relatório do MPTO.
Uma médica ouvida pela promotora afirmou que o trabalho no local é dificultado porque os prontuários são físicos, e não eletrônicos.
O espaço reservado para a prática de atividades de interação é inapropriado, por estar localizado numa garagem. O local, além de pequeno, é utilizado para o estacionamento de motos e bicicletas, e abriga ainda o refeitório (que funciona de forma improvisada e precária).
O MPTO ouviu ainda os pacientes do local e uma das principais reclamações é com relação à alimentação. Eles se queixaram da qualidade das marmitas e da quantidade de comida ofertada por uma empresa terceirizada.
No local, há dois consultórios médicos em funcionamento, mas um deles é improvisado (sem computador, telefone, maca e outros móveis e equipamentos necessários para um atendimento de qualidade).
Também foram verificadas irregularidades no consultório psicológico e na farmácia, onde há falta de medicamentos – o maior problema do local, segundo os médicos ouvidos pela promotora de Justiça.
Verificou-se, ainda, a falta de treinamento e capacitação para atender crianças e adolescentes que passam pelo local.
“Diante de todas as irregularidades verificadas, vamos adotar todas as providências cabíveis e pertinentes para que os serviços sejam regularizados no local”, afirmou a promotora de Justiça.
De acordo com ela, o relatório de inspeção ao CAPS será incorporado em uma Ação Civil Pública (ACP) e em um procedimento administrativo que investigam a situação do atendimento, da infraestrutura do local e da assistência prestada às crianças e adolescentes. “Vamos buscar, na Justiça, que todos esses problemas sejam solucionados”, disse Bartira.
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