Crise de qualificação impacta crescimento de bares e restaurantes

O segundo semestre de 2024 promete ser promissor para o setor de bares e restaurantes no Brasil, impulsionado pela elevação das temperaturas, o pagamento do 13º salário e as festividades de final de ano. Segundo uma pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), 29% dos empresários planejam contratar mais funcionários para atender ao aumento da demanda. No entanto, essas expectativas esbarram em um obstáculo significativo: a escassez de mão de obra qualificada.

A pesquisa da Abrasel revela que 89% dos empresários consideram difícil ou muito difícil encontrar profissionais adequados para preencher as vagas disponíveis, o que pode restringir o potencial de expansão e inovação do setor. Cargos como sushiman, churrasqueiro, chefes de cozinha e gerentes estão entre os mais desafiadores para contratar, com altas taxas de dificuldade devido à falta de qualificação específica necessária.

Além da qualificação insuficiente, 25% dos empresários enfrentam a problemática de um baixo número de candidatos interessados. “A lacuna entre a disponibilidade de mão de obra e as exigências do setor é evidente. Apesar do salário médio no segmento ser de R$ 2.130, aproximadamente 50% acima do salário-mínimo, ainda assim, competimos em desvantagem salarial no mercado de trabalho”, destaca Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel.

Para superar esses desafios, os empresários estão adotando várias estratégias para atração e retenção de talentos. Entre as ações mais comuns estão a premiação por desempenho, a oferta de cursos e treinamentos, e a concessão de benefícios adicionais. Essas medidas visam não só atrair, mas também capacitar os colaboradores para que possam contribuir efetivamente para o crescimento dos negócios.

Paulo Solmucci enfatiza a importância da inovação para garantir a competitividade a longo prazo do setor. “O sucesso futuro dos bares e restaurantes não depende apenas da criação de empregos, mas também da capacidade de reter e qualificar profissionais que atendam às necessidades do mercado. Além disso, investimentos em automação e inteligência artificial são essenciais para melhorar a eficiência operacional e expandir as operações sem comprometer a qualidade do serviço”, acrescenta.

Thiago Falcão, fundador da rede One Sushi e consultor do setor, destaca o papel transformador da inteligência artificial. “A IA pode ser uma solução para a falta de pessoal qualificado, otimizando o atendimento ao cliente e a gestão das entregas, especialmente em serviços de delivery. Implementamos essa tecnologia em um de nossos negócios, e conseguimos dobrar o número de entregas diárias”, relata.

A introdução de sistemas como totens de autoatendimento e tablets nas mesas também tem se mostrado eficaz, melhorando a experiência dos clientes e reduzindo a carga de trabalho dos funcionários. “Isso não apenas melhora o atendimento, mas também eleva a satisfação do cliente e, por consequência, as avaliações do estabelecimento”, conclui Falcão.

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