Direita percebe que não precisa de Bolsonaro

A recente vitória de Sandro Mabel (União Brasil) para a Prefeitura de Goiânia, com o apoio decisivo do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, evidenciou o desgaste de Jair Bolsonaro junto a figuras da própria direita. Caiado, que já se coloca como pré-candidato à Presidência em 2026, criticou duramente a postura de Bolsonaro por centralizar decisões e ignorar o papel das lideranças locais. O governador destacou que a imposição de candidaturas por parte do ex-presidente enfraqueceu o grupo conservador nas eleições municipais de 2024, afastando-o de aliados e ampliando fissuras dentro da direita.

Caiado: “Bolsonaro foi deselegante e desrespeitoso”

Caiado declarou que Bolsonaro “foi extremamente deselegante” com seus apoiadores, incluindo prefeitos e deputados, ao centralizar decisões dentro do Partido Liberal (PL) e impor candidaturas sem diálogo. “Bolsonaro deveria ter tido humildade de ouvir as lideranças locais. Não se ganha eleição impondo números; a população avalia a qualidade dos candidatos”, afirmou o governador, que apoiou Mabel em Goiânia, derrotando o candidato de Bolsonaro, Fred Rodrigues.

O desgaste entre Caiado e Bolsonaro foi visível na disputa em Goiânia, onde Caiado buscou formar uma aliança, mas não recebeu resposta do ex-presidente. Bolsonaro continuou apoiando Rodrigues, inclusive fazendo visitas constantes à cidade, sem sucesso. Caiado considera o resultado em Goiânia emblemático, ilustrando que o “22” do PL já não tem a força de antes e que a direita busca agora pragmatismo e renovação.

Desgaste com Pablo Marçal acirra divisão entre a direita

Outro ponto de tensão para Bolsonaro dentro da direita está no distanciamento com Pablo Marçal, que também se destacou como candidato em 2022 pelo PRTB e é visto como uma alternativa conservadora em ascensão. Crítico do estilo bolsonarista, Marçal vem ganhando apoio por propor uma política menos polarizadora e focada em resultados econômicos e sociais, atraindo eleitores que se mostram cansados do discurso de “nós contra eles” amplamente utilizado pelo ex-presidente.

Caiado, assim como Marçal, reforça que a direita precisa se abrir para novas lideranças e se desvincular do extremismo. “O país está cansado dos falsos dilemas ideológicos e de extremismos que não trazem solução. Precisamos dialogar e encontrar soluções reais para as demandas de emprego, educação e saúde”, afirma o governador, que vê em Marçal um aliado para uma possível reconstrução da direita brasileira.

A “lição” das urnas e o cansaço com o bolsonarismo

Caiado acredita que o resultado das eleições municipais de 2024 evidencia um cansaço generalizado do público com o estilo de Bolsonaro. Para ele, os eleitores agora buscam pragmatismo, deixando para trás o radicalismo ideológico. “As pessoas querem uma agenda focada em emprego e educação, e não uma guerra ideológica interminável”, pontuou. Segundo o governador, a direita precisa aprender a construir alianças e respeitar lideranças locais, valorizando as peculiaridades de cada região.

As reiteradas visitas de Bolsonaro a Goiânia durante a campanha foram insuficientes para garantir a vitória do seu candidato, Fred Rodrigues. Caiado vê nisso uma lição que reflete o esgotamento da estratégia bolsonarista de polarização. Para analistas, essa insistência no discurso radical pode estar afastando a base conservadora, que agora se volta para novas opções como Caiado e Marçal.

Caiado pré-candidato: direita renovada e autônoma para 2026

Com o desgaste de Bolsonaro e o surgimento de novas lideranças, Ronaldo Caiado, hoje pré-candidato à Presidência em 2026, aposta em uma direita renovada. Defendendo uma abordagem mais pragmática e pautada em resultados, o governador se coloca ao lado de outros nomes fortes do cenário conservador, como Romeu Zema (MG), Tarcísio de Freitas (SP) e Marçal. Estes líderes visam uma política mais centrada, evitando o radicalismo e valorizando a cooperação entre os partidos de direita.

Caiado sublinha que a direita deve amadurecer e deixar de depender de uma única figura centralizadora. “Liderar não é impor. A direita no Brasil é composta por diversos grupos que precisam de voz e espaço. O PL não é o único representante da direita”, criticou. Em declarações recentes, o governador também reforçou que sua pré-candidatura não depende de Bolsonaro e que sua trajetória política e gestão em Goiás são suficientes para sustentar seu nome entre os eleitores conservadores.

O futuro da direita brasileira

A eleição de 2024 marcou uma nova fase para a direita no Brasil, onde o apoio de Bolsonaro já não é sinônimo de vitória. Com líderes como Caiado e Marçal se posicionando contra o centralismo bolsonarista e defendendo pautas de interesse direto da população, como educação e emprego, o campo conservador parece estar pronto para se reestruturar. O cansaço com o radicalismo ideológico e o interesse por uma direita mais pragmática indicam que a base eleitoral percebe que não precisa de Bolsonaro para se consolidar.

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