A Polícia Federal (PF) prendeu nesta terça-feira (19) um policial e quatro militares do Exército sob suspeita de envolvimento em um plano que incluía o monitoramento e a execução do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo as investigações, o grupo teria como objetivo impedir a posse de Lula em janeiro de 2023 por meio de um golpe de Estado.
Plano e monitoramento começaram antes da posse
De acordo com a PF, o monitoramento de autoridades teve início em novembro de 2022, após uma reunião na casa do ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto, candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022. A reunião ocorreu em 12 de novembro, e os envolvidos começaram a mapear deslocamentos e atividades das autoridades mencionadas, com foco em ações que desestabilizassem a transição de poder.
“O monitoramento se deu logo após a reunião na residência de Braga Netto, quando as ideias de neutralizar opositores começaram a ser debatidas de forma operacional”, destaca um trecho do relatório da PF.
Planos de execução incluíam envenenamento
Entre os métodos considerados pelo grupo para eliminar Alexandre de Moraes estava o uso de explosivos e o envenenamento. Um dos documentos apreendidos descreve os riscos elevados das ações, incluindo danos colaterais e a possibilidade de mortes entre os próprios envolvidos na operação.
Os investigadores também identificaram que os suspeitos cogitaram utilizar métodos semelhantes contra Lula, aproveitando sua rotina médica e visitas frequentes a hospitais. “Foram avaliadas possibilidades de envenenamento ou o uso de agentes químicos para causar um colapso orgânico no presidente eleito”, revelou a investigação.
Alckmin também estava na mira
Para garantir o sucesso do golpe, o grupo acreditava ser necessário também eliminar Geraldo Alckmin, vice-presidente eleito, que assumiria o cargo em caso de morte de Lula. A PF apontou que Alckmin era identificado pelo codinome “Joca” nos registros do grupo. “O plano envolvia a extinção completa da chapa vencedora para inviabilizar a continuidade do governo eleito”, descreve o relatório.
Estrutura organizada em cinco núcleos
Conforme os investigadores, o grupo era dividido em cinco frentes:
1. Ataques virtuais contra opositores e instituições.
2. Desestabilização das instituições democráticas, como o STF e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e tentativas de desacreditar o sistema eletrônico de votação.
3. Tentativas de golpe de Estado, incluindo a abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
4. Propagação de desinformação sobre vacinas contra a Covid-19 e medidas sanitárias durante a pandemia.
5. Uso irregular de recursos públicos, com subdivisões que incluíam desvio de bens de alto valor, falsificação de cartões de vacina e enriquecimento ilícito.
Motivação e impacto
Os relatos apresentados pela PF indicam que os envolvidos estavam dispostos a sacrificar suas próprias vidas para alcançar os objetivos. “A morte de agentes de segurança e até dos próprios operadores era vista como um preço aceitável pela ‘neutralização’ do que chamavam de ‘centro de gravidade’, ou seja, os líderes democráticos que consideravam obstáculos à consumação do golpe”, detalhou a decisão divulgada pelo ministro Alexandre de Moraes.
Repercussões
O caso gerou ampla repercussão no meio político e jurídico. Parlamentares e lideranças da sociedade civil reforçaram a necessidade de apuração rigorosa e responsabilização dos envolvidos. A operação é mais um capítulo das investigações sobre ataques contra a democracia no Brasil, ampliando a discussão sobre os desafios para garantir a estabilidade institucional e o respeito ao Estado de Direito.
A investigação segue em andamento, e a PF promete intensificar os esforços para identificar outros possíveis envolvidos no esquema.
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