Carne bovina atinge preços recordes

O aumento contínuo nos preços da carne bovina no Brasil tem provocado mudanças significativas nos hábitos alimentares da população e impactado diversos setores econômicos. Em setembro de 2024, o preço médio da carne vermelha alcançou R$ 28,65, representando uma alta de 7,2% em relação ao mesmo período de 2023. Essa elevação tem levado os brasileiros a buscarem alternativas mais acessíveis, como ovos e peixes, e afetado diretamente comerciantes e consumidores.

Fatores que impulsionam a alta nos preços da carne bovina

Especialistas apontam uma combinação de fatores internos e externos que contribuem para o aumento dos preços da carne bovina no país:

  1. Demanda interna aquecida: A redução da taxa de desemprego e o aumento do poder de compra têm elevado o consumo de carne no mercado interno, pressionando os preços. O economista Felippe Serigati, da FGV Agro, destaca que “os produtos sensíveis à renda, como carnes, têm sido diretamente afetados pelo aquecimento econômico doméstico.”
  2. Exportações recordes: O Brasil, maior exportador mundial de carne bovina, aumentou suas vendas externas em 29,2% até setembro de 2024, impulsionado pela alta do dólar e pela forte demanda de países como China e Estados Unidos. O coordenador de pecuária Fernando Iglesias, da consultoria Safras & Mercado, afirma que “as exportações representam cerca de 40% da produção nacional, limitando a oferta disponível no mercado interno.”
  3. Ciclo pecuário: A redução no número de bois prontos para abate, devido ao ciclo natural da pecuária, também contribui para o encarecimento da carne. Em São Paulo, a arroba do boi gordo subiu de R$ 220,70 em junho para R$ 320,55 em novembro.
  4. Influência climática: A seca prolongada nas principais regiões produtoras comprometeu a oferta de pastagens, afetando diretamente a produção.

O economista José Carlos de Souza, da Universidade de São Paulo (USP), acrescenta que “a combinação de fatores climáticos adversos e a alta demanda externa têm pressionado os preços da carne bovina no mercado interno, resultando em aumentos significativos para o consumidor brasileiro.”

Já a economista Mariana Ferreira, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), ressalta que “a valorização do dólar torna as exportações mais lucrativas para os produtores, reduzindo a oferta no mercado interno e contribuindo para a elevação dos preços.”

Impacto no consumo e nos hábitos alimentares

A alta nos preços da carne bovina tem levado os brasileiros a buscarem alternativas mais acessíveis. Dados da consultoria Scanntech revelam que, em setembro de 2024, o consumo de ovos aumentou 27,1% e o de peixes cresceu 6,2%, enquanto o consumo de carne bovina registrou uma retração de 1,8%.

Para a dona de casa Ana Paula Silva, de Palmas, a adaptação foi necessária. “Antes, a carne vermelha estava presente em nossas refeições diárias, mas agora está difícil encaixar no orçamento. Temos consumido mais ovos e frango para economizar”, relata.

O comerciante Carlos Almeida, proprietário de um espetinho em Palmas, também sente os efeitos da alta nos preços. “Tive que reajustar os preços dos espetinhos para manter a margem de lucro. Alguns clientes reclamam, mas não temos outra opção. O custo da carne está muito alto”, explica.

No setor de açougues, o impacto é igualmente significativo. João Batista, dono de um açougue em Palmas, afirma que “as vendas de carne bovina caíram nos últimos meses. Os clientes estão optando por cortes mais baratos ou substituindo por outras proteínas. Estamos buscando fornecedores com preços melhores para não repassar todo o aumento ao consumidor.”

Perspectivas para os próximos meses

Especialistas preveem que os preços da carne bovina continuarão elevados nos próximos meses, devido à persistência dos fatores que impulsionam a alta. O economista José Carlos de Souza destaca que “a estabilização dos preços dependerá de uma série de fatores, incluindo a recuperação das pastagens, a oferta de gado para abate e a dinâmica do mercado internacional.”

Enquanto isso, os consumidores brasileiros buscam alternativas para driblar os altos preços e manter uma alimentação equilibrada, adaptando-se às mudanças no mercado e às novas realidades econômicas.

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