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Kátia Abreu critica Carrefour e reforça importância do Mercosul: “Precisamos respeitar nossa força no mercado global”

“Retaliar produtos do Mercosul beira o absurdo. O Carrefour precisa compreender que sua força no Brasil sustenta boa parte de seus resultados globais,” afirmou Kátia Abreu, ex-ministra da Agricultura, durante sua participação no Real Time, da CNBC Brasil. A comentarista fez duras críticas à decisão do Carrefour França de interromper as compras de carne bovina do Mercosul, destacando o impacto simbólico, econômico e político dessa decisão.

Kátia, que estreou como comentarista semanal do programa apresentado por Marcelo Torres, contextualizou a questão no âmbito geopolítico, ressaltando o papel estratégico do Mercosul para o comércio global e a relevância de consolidar o acordo com a União Europeia.

Decisão do Carrefour: impacto econômico e simbólico

O Carrefour anunciou recentemente a suspensão das compras de carne bovina do Mercosul, alegando preocupações ambientais e pressões sobre o desmatamento. Para Kátia Abreu, a medida está mais relacionada à proteção do mercado europeu do que a uma real preocupação com a sustentabilidade. “O mercado francês está em queda, enquanto o Brasil impulsiona o crescimento do Carrefour. É um paradoxo que mostra falta de visão estratégica,” destacou.

De acordo com a comentarista, a França registrou uma queda de 2% nas vendas do Carrefour, enquanto no Brasil, o crescimento foi de 2,5%. O faturamento no país representa cerca de 70% da receita global da empresa, com destaque para o desempenho do Atacadão, bandeira do grupo no segmento de atacarejo. “A decisão prejudica os pecuaristas do Mercosul e ignora a importância do mercado brasileiro para os resultados globais do Carrefour,” argumentou.

Qualidade e competitividade da carne brasileira

Kátia Abreu aproveitou a oportunidade para destacar a superioridade da carne bovina brasileira, resultado de décadas de investimentos em tecnologia e genética. “A qualidade e o custo de produção da carne brasileira são incomparáveis. Somos os maiores exportadores do mundo e enfrentamos desafios como carga tributária elevada e logística complexa. Mesmo assim, ninguém nos supera,” afirmou.

Ela reforçou que a decisão do Carrefour França é um reflexo de pressões de agricultores europeus, que enfrentam dificuldades para competir com os baixos custos de produção do Brasil. “A única maneira de nos derrotarem é fechar os mercados. No jogo justo, eles jamais conseguiriam competir conosco,” disparou.

Barreiras comerciais disfarçadas de sustentabilidade

A ex-ministra chamou atenção para o uso recorrente de barreiras comerciais disfarçadas de preocupações ambientais. Segundo ela, embora a sustentabilidade seja uma pauta legítima, muitos países europeus utilizam essas questões como pretexto para proteger suas economias internas.

“Essas barreiras não têm base técnica sólida. São desculpas para limitar a competitividade de países como o Brasil,” explicou. Ela lembrou que a carne brasileira atende aos mais altos padrões de qualidade e sustentabilidade, reforçando que o Brasil é referência global em tecnologia agropecuária.

Acordo Mercosul-União Europeia: oportunidade estratégica

Kátia Abreu ampliou o debate, abordando a relevância do acordo entre Mercosul e União Europeia, cujas negociações se arrastam há quase 20 anos. Segundo ela, o atual cenário geopolítico, com os Estados Unidos adotando políticas protecionistas e a China expandindo sua influência global, favorece a consolidação do acordo.

“O Mercosul é uma potência agrícola e industrial. O Brasil, sozinho, já é uma referência global. Juntos, os países do bloco representam um parceiro estratégico para a Europa em um momento de reconfiguração das alianças globais,” argumentou.

Ela destacou que o acordo pode alavancar as exportações brasileiras e abrir portas para o acesso a tecnologias de ponta. “Quando a Europa fecha um acordo bilateral, isso serve de modelo para outros países e blocos, como Japão, Canadá e Austrália. Esse tipo de negociação vai muito além do impacto econômico imediato,” pontuou.

O peso do Carrefour no Brasil e a reação do setor agropecuário

A reação à decisão do Carrefour já começou a se manifestar no Brasil. Entidades do setor agropecuário, a Frente Parlamentar da Agropecuária e até governadores iniciaram campanhas de boicote à rede, convocando consumidores a repensarem suas compras.

Kátia Abreu destacou que o Carrefour precisa refletir sobre sua posição no mercado brasileiro. “O Carrefour é uma gigante global, mas depende profundamente do Brasil para sustentar seus resultados. Ignorar isso pode ser um erro estratégico com consequências graves,” alertou.

A comentarista defendeu que o Brasil adote uma postura firme nas negociações internacionais, protegendo seus interesses e reafirmando sua posição como líder global no agronegócio.

Sustentabilidade e competitividade: uma convivência possível

Kátia Abreu encerrou sua análise enfatizando que sustentabilidade e competitividade podem coexistir. Para ela, é essencial que o Brasil invista em práticas ainda mais sustentáveis, mas sem comprometer sua capacidade de competir no mercado internacional.

“O Brasil é um gigante que tem muito a oferecer ao mundo. Nossa carne, nossa agricultura e nossa tecnologia são exemplos disso. O que precisamos é garantir que nossos mercados permaneçam abertos e que barreiras injustas não comprometam nosso potencial,” concluiu.

Perspectivas para o futuro do Mercosul e das exportações

A análise de Kátia Abreu reforça a importância de consolidar o acordo Mercosul-União Europeia como um passo estratégico para o Brasil e seus parceiros. Ao mesmo tempo, evidencia a necessidade de fortalecer a imagem do país como líder em qualidade e sustentabilidade no agronegócio.

Sua estreia na CNBC Brasil marca o início de uma série de debates que prometem aprofundar questões centrais para o desenvolvimento do país, conectando temas econômicos, ambientais e políticos em análises fundamentadas e provocativas.

Leia também:

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