Brasil se consolida como líder global em energia renovável, atingindo 50 gigawatts de energia solar instalada e abrindo caminho para avanços em armazenamento e hidrogênio verde, destacam Kátia Abreu e Eduardo Tobias.
Em tempos de transição energética global, o Brasil se destaca como um dos maiores líderes em energia limpa. Em um debate no programa Real Time, a senadora e ex-ministra Kátia Abreu apontou o protagonismo do país na geração de energia solar e o potencial para crescer ainda mais. A conversa, enriquecida pela participação do especialista Eduardo Tobias, professor e CEO da Vat Capital, revelou não apenas os avanços do setor, mas também os desafios e as estratégias necessárias para consolidar a posição brasileira no mercado global de energias renováveis.
O salto da energia solar no Brasil: números que impressionam
“Celebramos neste mês um marco histórico: atingimos 50 gigawatts de capacidade instalada em energia solar, o que representa cerca de 21% da matriz elétrica brasileira”, destacou Eduardo Tobias. Ele acrescentou que as projeções para 2025 apontam para 65 gigawatts, com um investimento de R$ 39 bilhões e a criação de 400 mil novos empregos no setor.
Esses números reforçam a posição do Brasil como o terceiro maior investidor em energia solar do mundo em 2023, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. “O Brasil tem mostrado ao mundo que é possível aliar crescimento econômico à sustentabilidade”, complementou Kátia Abreu.
A matriz energética brasileira: exemplo global
Um dos grandes trunfos do Brasil é a composição de sua matriz energética. Enquanto a média global de energias renováveis nos países da OCDE é de apenas 12%, o Brasil apresenta impressionantes 50% de matriz energética limpa e 88% de energia elétrica limpa.
“A escolha histórica do Brasil por investir em hidrelétricas e, mais recentemente, em fontes solares e eólicas, é o que nos coloca em uma posição diferenciada no cenário global”, disse Kátia. “Isso é resultado de políticas visionárias e da abundância de recursos naturais.”
Desafios e oportunidades no armazenamento de energia
Apesar do avanço significativo, um desafio crucial ainda precisa ser superado: o armazenamento de energia. Sem baterias eficientes, o país depende de termelétricas, especialmente no período noturno, quando a geração solar é inexistente.
“Hoje, nossa energia solar assume até 75% do fornecimento entre meio-dia e 16h, mas sem baterias para armazenar essa energia, perdemos a oportunidade de utilizá-la durante a noite”, explicou Kátia Abreu. Ela ressaltou a necessidade de políticas públicas e financiamentos acessíveis para viabilizar essa tecnologia.
Eduardo Tobias acrescentou que a tributação de baterias no Brasil, que pode chegar a 70%, é um grande entrave. “O Brasil precisa de incentivos para importar e produzir baterias em larga escala. Isso é fundamental para reduzir a dependência de fontes poluentes, como as termelétricas.”
Microgeração: energia solar ao alcance de todos
A microgeração, que permite a instalação de painéis solares em residências e empresas, também foi destaque no debate. Hoje, 79% da capacidade de microgeração está em residências, democratizando o acesso à energia limpa.
“Com investimentos que variam de R$ 15 mil a R$ 40 mil, dependendo do tamanho da instalação, a energia solar está se tornando mais acessível”, afirmou Tobias. Mesmo com a redução de incentivos fiscais, o setor continua atraente devido à queda nos custos dos módulos solares, principalmente pela produção em larga escala na China.
Hidrogênio verde: a próxima fronteira energética
Outro ponto de destaque foi o hidrogênio verde, apontado por Kátia como uma das tecnologias mais promissoras para o futuro energético. “O hidrogênio verde tem o potencial de transformar o Brasil em um grande exportador e, ao mesmo tempo, reduzir a dependência de fertilizantes importados, essenciais para o agronegócio brasileiro”, disse a senadora.
O hidrogênio verde é produzido a partir de fontes renováveis e pode ser usado tanto na indústria quanto na geração de energia. Para Eduardo Tobias, o Brasil tem todos os recursos necessários para liderar essa revolução: “Nossa abundância de energia solar e eólica nos coloca em vantagem competitiva para produzir hidrogênio verde de forma limpa e eficiente.”
Impactos ambientais e avanços tecnológicos
Embora a energia renovável seja uma solução limpa durante sua operação, a cadeia produtiva ainda apresenta desafios ambientais. “Já existem empresas produzindo módulos solares com emissões zero e investindo em reciclagem para minimizar os impactos ambientais”, afirmou Tobias.
Além disso, tecnologias estão sendo desenvolvidas para reduzir o impacto da energia eólica em ecossistemas locais, como o ruído que afeta a fauna. “A indústria está cada vez mais comprometida em tornar as energias renováveis totalmente sustentáveis, desde a produção até o descarte dos equipamentos”, destacou o professor.
Políticas públicas e conscientização: o papel do Brasil no cenário global
Kátia Abreu enfatizou a necessidade de políticas públicas consistentes para impulsionar o setor de energias renováveis. “O Brasil tem todas as condições de liderar a transição energética global, mas precisamos de marcos regulatórios claros e incentivos para ampliar investimentos em tecnologias como baterias e hidrogênio verde.”
Ela também destacou a importância de conscientizar a população e os setores empresariais sobre os benefícios da transição energética. “Investir em energia limpa é investir no futuro. É hora de o Brasil mostrar ao mundo que é possível crescer de forma sustentável.”
Brasil: exemplo global de energia limpa e renovável
O Brasil está dando passos firmes rumo a um futuro mais sustentável, com uma matriz energética limpa, investimentos crescentes em energia solar e eólica e o desenvolvimento de tecnologias inovadoras como o hidrogênio verde. Com políticas públicas adequadas e a mobilização de todos os setores da sociedade, o país tem o potencial de liderar a revolução energética global e se consolidar como um exemplo para o mundo.
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