Dados revelam 194 boletins de ocorrência de violência sexual contra crianças de 0 a 13 anos entre janeiro e abril de 2025. Sequestros isolados também acendem alerta.
O Tocantins registrou, entre janeiro e abril de 2025, 194 boletins de ocorrência por estupro de crianças de 0 a 13 anos.O número representa uma redução de aproximadamente 30% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram registrados 224 casos, segundo dados oficiais apresentados durante a caravana estadual “Diálogos em Rede”, promovida pelo Ministério Público do Tocantins (MPTO) em parceria com a Secretaria de Segurança Pública (SSP-TO).
Apesar da queda, os números ainda são considerados alarmantes. O perfil das vítimas segue majoritariamente feminino, representando 81% dos registros.
Violência persiste, mesmo com avanço das políticas públicas
De acordo com fontes do Diário Tocantinense, a redução está diretamente associada ao fortalecimento de políticas de prevenção, campanhas educativas, fortalecimento das redes de proteção e melhorias no fluxo de denúncias. No entanto, autoridades destacam que os dados representam apenas os casos formalmente registrados, sabendo-se que a subnotificação é uma realidade estrutural no país.
A procuradora de Justiça Maria Roseli Pazzianotto, especialista na área de direitos da infância, afirmou durante o evento que “os números refletem um avanço nas ações de prevenção, mas continuam sendo inaceitáveis sob qualquer perspectiva.”
“Uma criança violentada representa não apenas um crime, mas uma falência coletiva enquanto sociedade. Precisamos avançar no acolhimento, na responsabilização dos agressores e na cultura da proteção.”, reforçou a procuradora.
Colinas do Tocantins se mobiliza contra a violência infantil
Colinas do Tocantins foi uma das cidades que sediaram as etapas da caravana “Diálogos em Rede”, reunindo mais de 275 profissionais das áreas de segurança, assistência social, educação, saúde, Judiciário e Ministério Público.
O encontro focou na construção de estratégias integradas para o atendimento às crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência. De acordo com participantes ouvidos pelo Diário Tocantinense, a mobilização demonstra o comprometimento do município na construção de políticas públicas mais eficazes para proteção da infância.
Sequestros isolados mantêm clima de alerta
Paralelamente aos dados de violência sexual, casos isolados de tentativas e consumação de sequestros de criançastambém acendem um alerta nas autoridades.
Em abril de 2025, um menino escapou de uma tentativa de sequestro em Palmas, após ser abordado por dois homens encapuzados que tentaram colocá-lo em um veículo preto a caminho da escola. O caso mobilizou as forças policiais da capital, que intensificaram as buscas e monitoramento na região.
Em novembro de 2024, uma criança sequestrada no município de Aliança do Tocantins foi localizada nas proximidades de Formoso do Araguaia. O principal suspeito do sequestro segue foragido, segundo informações repassadas pelas autoridades à época.
Embora não haja registros oficiais de sequestros de crianças em Colinas do Tocantins durante o período, fontes ouvidas pelo Diário Tocantinense destacam que a participação ativa do município em ações de prevenção é fundamental para inibir casos desse tipo e fortalecer a rede de proteção.
Análise: avanço, mas desafio permanece
Para especialistas na área de direitos humanos e proteção infantil, a redução nos números de estupro de crianças no Tocantins é uma conquista relevante, mas insuficiente para gerar qualquer sensação de tranquilidade.
“Os números precisam cair a zero. Enquanto houver uma única criança vítima de violência sexual, temos um problema grave. O estado tem feito avanços, mas a luta precisa ser permanente e envolve toda a sociedade, não apenas o sistema de justiça.”, avalia o sociólogo e pesquisador em direitos da infância Eduardo Maciel, ouvido pelo Diário Tocantinense.
A caravana “Diálogos em Rede” segue percorrendo outras regiões do estado, levando capacitação, compartilhamento de experiências e construção de protocolos mais eficientes no atendimento às vítimas.
Conclusão
Os dados mostram que o Tocantins dá passos importantes no enfrentamento à violência contra crianças, mas o cenário ainda é desafiador. Se de um lado há redução dos casos de estupro infantil, de outro, episódios de sequestros isolados acendem alertas e reforçam a necessidade de políticas públicas contínuas, vigilância comunitária, fortalecimento das redes de proteção e responsabilização efetiva dos agressores.
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