Evento reuniu ministros, governadores e representantes internacionais; pauta ambiental dominou as conversas, com foco na transição ecológica e investimentos verdes na Amazônia
Em clima de articulação diplomática e estratégica, o governo federal promoveu na noite desta quinta-feira (6) um jantar oficial com líderes políticos e representantes internacionais para discutir a agenda ambiental brasileira e alinhar a participação do país na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), marcada para novembro de 2025, em Belém do Pará. Ao fim do encontro, foi confirmada oficialmente a presença da comitiva presidencial no evento, que será realizado pela primeira vez na região amazônica.
O jantar, realizado no Palácio do Itamaraty, contou com a presença da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, do chanceler Mauro Vieira, de governadores da Amazônia Legal — incluindo Helder Barbalho (PA) e Wanderlei Barbosa (TO) — além de representantes da União Europeia e de embaixadas com interesse em financiar projetos de transição energética no Brasil.
Segundo interlocutores ouvidos pela reportagem, o clima do jantar foi “positivo, mas pragmático”. Os governadores cobraram mais agilidade na liberação de recursos internacionais para financiamento de projetos sustentáveis e pediram protagonismo na COP 30. “Não se faz política climática para a Amazônia sem os estados da Amazônia”, afirmou uma autoridade presente no evento, sob reserva.
Nos bastidores, Marina Silva destacou a necessidade de apresentar resultados concretos até novembro. “Chegamos à COP como anfitriões e como liderança moral. Mas precisamos chegar também com entregas”, teria dito a ministra a um grupo de governadores durante a recepção.
A COP 30 deve receber cerca de 60 mil pessoas, entre chefes de Estado, representantes de ONGs, acadêmicos e jornalistas. A estrutura em Belém está em fase final de planejamento logístico e envolve ações de segurança, mobilidade e conectividade. O governo federal confirmou que levará à cúpula uma carta nacional de compromissos climáticos atualizada, com foco na redução do desmatamento ilegal até 2028 e no incentivo à economia verde nos estados amazônicos.
A escolha de Belém como sede da COP é considerada estratégica por diplomatas: a cidade reforça o papel do Brasil como protagonista do debate climático global ao mesmo tempo em que obriga o país a responder com políticas públicas tangíveis.
A expectativa agora gira em torno do posicionamento que o Brasil adotará em relação ao financiamento climático internacional e à meta de neutralidade de carbono. “A COP 30 é uma oportunidade histórica de transformar discurso em diplomacia real e em investimento direto na Amazônia”, afirmou um diplomata europeu presente no encontro.
Com a confirmação da presença da comitiva presidencial, as próximas semanas devem ser dedicadas à definição dos principais compromissos e à construção da imagem do país como liderança ambiental legítima no cenário multilateral.
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