A obesidade, mais do que uma preocupação estética, é reconhecida como uma doença crônica que afeta a saúde global. O aumento alarmante de casos no Brasil exige atenção e estratégias para prevenção. De acordo com dados da Fiocruz, divulgados em junho de 2023, a estimativa é que, até 2044, 48% da população adulta do país esteja acima do peso, enquanto outros 27% estarão classificados como tendo sobrepeso. Esse cenário demanda ações urgentes para combater os fatores que contribuem para o aumento da obesidade.
Em 11 de outubro, celebra-se o **Dia Nacional de Prevenção à Obesidade**, uma data dedicada à conscientização sobre os riscos dessa condição e suas complicações, que podem incluir diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e até câncer. Segundo o **Mapa da Obesidade**, divulgado pelo Ministério da Saúde, entre 2006 e 2019, o número de pessoas obesas no Brasil aumentou 72%, refletindo o impacto do estilo de vida sedentário e de uma alimentação inadequada na saúde da população.
Causas e prevenção da obesidade
A endocrinologista Renata Pinto Camia, especialista do Sabin Diagnóstico e Saúde, destaca que a obesidade tem múltiplas causas. “Ela resulta de um conjunto de fatores, incluindo uma alimentação pobre em nutrientes, sedentarismo, fatores genéticos, hormonais, psicológicos e ambientais”, explica a médica. Entre os principais desencadeadores estão a alta ingestão de alimentos ultraprocessados, ricos em açúcares e gorduras, e a falta de atividade física regular.
Para prevenir a obesidade, a especialista recomenda mudanças no estilo de vida, como adotar uma alimentação equilibrada e incluir a prática regular de exercícios. Estudos mostram que pessoas que praticam atividades físicas regularmente têm até **31% menos chance** de desenvolver doenças cardiovasculares, diretamente associadas à obesidade. Além disso, o acompanhamento médico periódico é fundamental para monitorar o peso, avaliar a produção hormonal e prevenir o surgimento de complicações graves.
Diagnóstico
O diagnóstico da obesidade vai além do número na balança. O Índice de Massa Corporal (IMC) é o método mais utilizado para identificar a condição. Segundo a **Organização Mundial da Saúde (OMS)**, um IMC entre 25 e 29,9 indica sobrepeso, enquanto valores acima de 30 caracterizam a obesidade. No entanto, Renata Camia alerta que o IMC pode não ser suficiente para avaliar a real distribuição de gordura corporal.
“A gordura abdominal, por exemplo, representa um risco maior de problemas cardíacos. Por isso, também é importante medir a circunferência abdominal e realizar exames complementares que avaliam o estado geral de saúde do paciente”, ressalta a médica.
Exames Complementares para diagnosticar a obesidade
Além do IMC, exames de sangue são essenciais para identificar fatores de risco associados à obesidade, como níveis elevados de glicose, colesterol e triglicerídeos. A bioquímica Luciana Figueira, coordenadora técnica do Sabin, enfatiza a importância desses exames no diagnóstico precoce de doenças como o diabetes tipo 2 e as cardiopatias.
“A periodicidade dos exames pode variar, mas é recomendado que sejam feitos, no mínimo, uma vez por ano, especialmente em pessoas com histórico familiar de obesidade ou doenças metabólicas”, orienta Luciana. Ela também destaca a necessidade de exames hormonais para avaliar a função da tireoide, uma vez que distúrbios nessa glândula podem levar ao ganho de peso.
Hipotireoidismo, por exemplo, é uma condição em que a tireoide produz menos hormônios, o que reduz o metabolismo e aumenta a predisposição à obesidade. Outro fator importante é o uso de certos medicamentos, como antidepressivos, que podem interferir no peso corporal. “É fundamental que o uso desses medicamentos seja sempre supervisionado por um médico, para evitar consequências indesejadas, como o aumento de peso”, orienta Renata Camia.
Complicações e Tratamento
A obesidade está diretamente relacionada a diversas condições de saúde. Dados da **Sociedade Brasileira de Cardiologia** indicam que o risco de doenças cardiovasculares aumenta em 32% para pessoas com IMC acima de 30. A diabetes tipo 2, outra doença fortemente ligada à obesidade, já afeta cerca de **16,8 milhões de brasileiros** e sua prevalência tem crescido nos últimos anos.
O tratamento da obesidade inclui mudanças no estilo de vida, com foco na alimentação balanceada e prática de exercícios, além de acompanhamento médico constante para monitorar possíveis comorbidades. Em casos mais graves, o tratamento pode incluir o uso de medicamentos para controle de peso e, em situações específicas, cirurgias bariátricas.
A previsão de que quase metade dos brasileiros serão obesos até 2044 ressalta a urgência de medidas de prevenção eficazes. Mudanças no estilo de vida, acompanhamento médico e exames regulares são essenciais para combater essa epidemia. A obesidade é uma doença séria, com impactos profundos na saúde e na qualidade de vida, e deve ser enfrentada com estratégias integradas e efetivas de saúde pública.
Com dados concretos e diagnósticos precisos, é possível reduzir a progressão da obesidade e suas complicações, garantindo um futuro mais saudável para a população brasileira.
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