O feijão, alimento essencial da dieta brasileira, tem registrado aumentos expressivos nos últimos meses, gerando preocupação entre consumidores e autoridades. O preço do quilo do feijão-carioca chegou a R$ 10,67 em Palmas, enquanto em Goiânia a média é de R$ 7,80, representando um aumento de até 36,8% em comparação ao mesmo período do ano passado. A alta tem impacto direto sobre as famílias de baixa renda e sobre os custos da alimentação no Brasil.
A escalada dos preços levou o governo federal a discutir medidas emergenciais para conter a inflação dos alimentos, incluindo a possível liberação de estoques reguladores e incentivos à produção. Especialistas apontam uma combinação de fatores como responsáveis pela alta: redução da oferta devido a questões climáticas, aumento das exportações e encarecimento dos insumos agrícolas.
Dona de casa sente no bolso
Em Palmas, a dona de casa Maria Silva, de 45 anos, diz que teve que reduzir a compra de feijão devido ao aumento dos preços.
“Antes, eu comprava três pacotes por mês, agora só levo dois. A gente tenta economizar, mas está ficando difícil alimentar a família sem estourar o orçamento.”
A comerciante Ana Pereira, de Goiânia, também notou o impacto no mercado e teve que repensar os hábitos de compra.
“O feijão sempre foi um dos alimentos mais básicos da nossa alimentação. Com esses preços, precisei procurar marcas mais baratas e, às vezes, substituir por outros produtos.”
Por que o feijão ficou mais caro?
A alta nos preços do feijão não é um fenômeno isolado e ocorre devido a uma série de fatores. O economista João Fernandes explica que a produção do grão sofreu impacto direto das condições climáticas, especialmente secas prolongadas e chuvas irregulares em estados produtores como Paraná e Goiás.
“A quebra de safra impacta a oferta e pressiona os preços para cima. Com menos feijão disponível no mercado, a lei da oferta e da demanda faz o valor do produto disparar.”
Além disso, o aumento dos custos de produção tem um peso significativo. A economista Clara Souza, destaca que a valorização do dólar encarece os insumos agrícolas, como fertilizantes e defensivos, impactando o preço final do produto.
“Os produtores brasileiros dependem de importações para fertilizantes e outros insumos essenciais. Com a alta do dólar, os custos de produção aumentam e isso é repassado para o consumidor.”
Outro fator importante para o encarecimento do feijão é o mercado externo. O Brasil exportou volumes recordes do grão para países como China e Índia nos últimos meses, reduzindo a oferta no mercado interno e elevando os preços.
Preocupação do governo e possíveis medidas
O governo federal acompanha de perto a escalada dos preços e analisa estratégias para conter a alta e garantir o abastecimento do mercado interno. Entre as possibilidades discutidas estão a liberação de estoques reguladores, incentivo à produção e desoneração tributária temporária para os produtores.
Segundo fontes do Ministério da Agricultura, há uma preocupação em evitar um impacto inflacionário ainda maior sobre os alimentos da cesta básica. Caso o aumento persista, medidas emergenciais podem ser adotadas nas próximas semanas.
Enquanto isso, os consumidores precisam lidar com a alta do feijão e buscar alternativas para manter a alimentação equilibrada. Especialistas recomendam substituir parte do consumo por outras fontes de proteínas vegetais, como lentilha e ervilha, além de ficar atento às promoções nos mercados.
O cenário ainda é incerto, mas o alerta já foi ligado tanto pelos consumidores quanto pelo governo. Se o preço do feijão continuar subindo, novas ações podem ser implementadas para reduzir os impactos na economia e no bolso dos brasileiros.
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