O preço das passagens aéreas no Brasil segue em alta, pressionando o orçamento dos viajantes. Nos últimos meses, consumidores relatam dificuldades para encontrar tarifas acessíveis, mesmo com antecedência. Especialistas apontam uma combinação de fatores que impulsionam esse aumento, incluindo a valorização do dólar, o custo do combustível de aviação e a recuperação da demanda pós-pandemia.
O que está encarecendo as passagens?
O setor aéreo é fortemente impactado por variáveis econômicas globais e domésticas. Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), os preços médios das passagens subiram mais de 25% nos últimos 12 meses. O professor de economia do transporte aéreo da FGV, Cláudio Borges, explica que o encarecimento das tarifas está ligado a cinco fatores principais:
- Alta no preço do combustível
O querosene de aviação (QAV) representa cerca de 40% dos custos das companhias aéreas. Com a volatilidade do mercado internacional e a influência de conflitos geopolíticos, o valor do insumo segue elevado. Apenas em 2024, o QAV aumentou 18%, segundo a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas). - Valorização do dólar
Mais da metade dos custos das empresas aéreas no Brasil é atrelada ao dólar. Leasing de aeronaves, manutenção e seguros são pagos na moeda americana. A recente valorização do dólar, que ultrapassou a marca de R$ 5,00 nos últimos meses, impacta diretamente as tarifas. - Oferta reduzida de voos
Durante a pandemia, muitas companhias reduziram suas frotas e malhas aéreas. Com a retomada do turismo, a demanda cresceu mais rapidamente do que a capacidade das empresas de expandirem suas operações. - Reforma tributária e novos encargos
A reforma tributária em discussão pode elevar os custos para o setor aéreo. Além disso, a elevação das taxas aeroportuárias e encargos operacionais pressiona os preços. - Alta demanda por viagens
O mercado vive um efeito de compensação após anos de restrições sanitárias. Viagens adiadas durante a pandemia impulsionam a busca por passagens, gerando aumento na precificação.
Os cinco destinos mais procurados no Brasil
Apesar dos preços elevados, a demanda por viagens domésticas continua forte. Segundo levantamento da Decolar e do Kayak, os cinco destinos mais buscados em 2025 são:
- São Paulo (SP) – A capital paulista mantém-se como principal destino corporativo e cultural do país.
- Rio de Janeiro (RJ) – As praias, o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar seguem atraindo turistas nacionais e estrangeiros.
- Salvador (BA) – O turismo cultural e as praias da Bahia impulsionam a cidade como um dos destinos mais desejados.
- Fortaleza (CE) – A cidade cearense é um dos principais pontos de entrada para o turismo no Nordeste.
- Florianópolis (SC) – As praias da Ilha da Magia mantêm a capital catarinense entre os locais mais visitados do país.
Fusão entre Gol e Azul: o que está em jogo?
Outro fator que pode impactar o cenário do setor aéreo é a possível fusão entre Gol e Azul. As duas empresas, que atualmente dividem a liderança do mercado brasileiro com a Latam, estudam uma união para enfrentar os desafios financeiros e ampliar a competitividade.
O movimento ainda precisa passar pelo crivo do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que analisará os impactos da fusão na concorrência. Especialistas alertam que a concentração do setor pode gerar efeitos distintos para os consumidores.
“A fusão pode trazer ganhos operacionais e otimização de rotas, mas também há o risco de menor concorrência, o que poderia pressionar os preços para cima”, explica Gustavo Costa, especialista em aviação da USP.
O setor aéreo brasileiro segue em um momento de transformação. O futuro das tarifas dependerá da estabilidade econômica, da evolução do mercado e das decisões estratégicas das companhias. Para os consumidores, o cenário indica que planejamento e monitoramento de preços serão ainda mais essenciais para encontrar passagens com preços competitivos.
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