os últimos meses, consumidores brasileiros — especialmente no Tocantins — têm enfrentado aumentos significativos nos preços de itens essenciais da cesta básica, como o feijão e o óleo de soja. O cenário é reflexo de uma combinação de fatores que afetam tanto a produção agrícola quanto os custos logísticos e a demanda internacional.
Feijão tem oferta limitada e preços em ascensão
O feijão, alimento base da dieta brasileira, sofreu forte valorização. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), em 26 de março de 2025, a saca de 60 kg do feijão carioca de qualidade superior chegou aos seguintes valores:
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São Paulo: R$ 307,26
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Curitiba: R$ 274,85
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Noroeste de Minas: R$ 276,24
No Tocantins, apesar da ausência de cotação oficial pelo CEPEA, produtores de regiões como Gurupi, Porto Nacional e Formoso do Araguaia relatam que o preço da saca varia entre R$ 280 e R$ 310, dependendo da qualidade e da região.
Nas prateleiras dos supermercados de Palmas, o quilo do feijão carioca já ultrapassa os R$ 10,00, conforme levantamento realizado no final de março. Na Ceasa da capital, os valores oscilam entre R$ 8,50 e R$ 9,50, representando um aumento de mais de 30% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
A elevação dos preços está diretamente relacionada à queda de produtividade provocada por fatores climáticos, como o calor excessivo e períodos irregulares de chuva, que afetaram a colheita nos principais polos de produção.
Óleo de soja sofre impacto da demanda internacional
Outro item com forte reajuste é o óleo de soja. Com o avanço global na produção de biocombustíveis e o aumento das exportações brasileiras de soja — que devem ultrapassar 171 milhões de toneladas em 2025, segundo projeções do setor — o produto sofre os efeitos da pressão do mercado internacional.
Em supermercados do Tocantins, a garrafa de 900 ml de óleo de soja está sendo vendida por valores entre R$ 8,79 e R$ 10,29, a depender da marca e da localização do ponto de venda. Nas Ceasas, o preço por unidade em caixas também acompanha a tendência de alta, com aumentos de cerca de 25% em relação a março de 2024.
De acordo com analistas de mercado, o Brasil, ao priorizar o mercado externo para soja e seus derivados, acaba reduzindo a oferta interna de óleo refinado, contribuindo para o encarecimento no varejo.
Especialistas alertam para pressão sobre o orçamento das famílias tocantinenses
A alta dos preços desses alimentos compromete diretamente o poder de compra das famílias de baixa e média renda no Tocantins. Segundo a economista e professora da UFT, Mariana Lemos, a escalada nos preços é particularmente preocupante para um estado em que mais de 47% da população depende de algum tipo de transferência de renda:
“Quando alimentos básicos como feijão e óleo sobem, o impacto é imediato nas mesas mais vulneráveis. É urgente pensar em políticas de contenção local.”
Medidas paliativas e conscientização do consumidor
Para reduzir os impactos no curto prazo, especialistas defendem ações como:
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Ampliação de feiras populares com subsídio estadual;
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Incentivo à produção familiar local para abastecer mercados regionais;
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Campanhas de educação alimentar sobre substituições nutricionais mais baratas;
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Monitoramento constante dos preços pela Procon e Secretaria da Agricultura.
O presidente do Sindicato Rural de Porto Nacional, José Otávio Monteiro, também reforça a necessidade de fomentar a produção no próprio estado:
“O Tocantins tem potencial para produzir feijão em escala. Com planejamento, podemos reduzir a dependência de outras regiões e manter preços mais estáveis.”
O desafio do acesso a alimentos essenciais
O aumento nos preços do feijão e do óleo de soja revela a vulnerabilidade do consumidor diante de cadeias produtivas expostas a fatores externos — do clima à exportação. No Tocantins, onde boa parte da população tem renda limitada, o impacto se torna ainda mais severo. A mobilização de produtores, gestores públicos e consumidores é fundamental para mitigar os efeitos dessa alta e garantir segurança alimentar à população.
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