Animação da Netflix une fantasia e reflexão, transforma monstros em aliados e deixa todos grudadinhos no sofá

**Título: "A Fera do Mar: Uma Animação Derivativa que Encanta os Olhos e Provoca Reflexões!"**

A nova animação da Netflix, "A Fera do Mar", é uma obra que, embora derivativa, encanta os olhos e não ofende a inteligência. O roteiro de Chris Williams e Nell Benjamin transporta a essência de histórias como "Como Treinar o Seu Dragão" para um cenário subaquático, onde um jovem protagonista, subestimado por todos, invade uma cultura marcada pela violência entre humanos e criaturas marinhas. Ao fazer amizade com uma dessas criaturas, ele descobre que essa brutalidade é desnecessária.

O filme vai além de sua premissa familiar, apresentando uma crítica mais incisiva às instituições que utilizam a guerra e a violência como instrumentos de dominação. A pequena Maisie, dublada por Zaris-Angel Hator, desafia uma monarquia que distorce a verdade para enriquecer à custa da guerra. A mensagem clara é que confrontar sistemas abusivos com a verdade é o primeiro passo para a mudança, mesmo que o filme não faça uma promessa realista sobre a eficácia de discursos enfurecidos em meio ao caos.

Apesar de seu idealismo, "A Fera do Mar" enfrenta críticas por sua narrativa insatisfatória, especialmente em seu terceiro ato. O filme constrói um universo náutico rico e fascinante, mas falha em explorá-lo adequadamente. Elementos intrigantes, como a barganha feita pelo Capitão Crow (Jared Harris), não são devidamente desenvolvidos, e as possibilidades de uma ilha povoada por monstros marinhos são subaproveitadas em uma rápida sequência de ação.
A estrutura do filme parece episódica, alternando entre diferentes estilos, de aventura de piratas a uma trama juvenil e, finalmente, uma narrativa política. Embora essa variedade possa ser admirável em termos retóricos, resulta em conclusões insatisfatórias e arcos de personagens pouco decisivos. Essa falta de profundidade narrativa é uma pena, considerando que o filme é um verdadeiro banquete visual.

Visualmente, "A Fera do Mar" é um espetáculo. A água parece realista e deslumbrante, e os designs de personagens equilibram o crível e o caricaturesco. As cores vibrantes, que incluem vermelhos, amarelos e azuis, são usadas de maneira audaciosa, conferindo uma textura palpável a cada objeto e criatura.

Este é um projeto claramente apaixonado para Chris Williams, que saiu da Disney para dirigir sua primeira animação solo. Seu talento e determinação são evidentes, e embora "A Fera do Mar" possa não ser a obra-prima que ele aspira criar, mostra que ele está no caminho certo. A animação é uma experiência visual rica e, apesar de suas falhas narrativas, vale a pena ser vista.

"A Fera do Mar" combina fantasia e reflexão, transformando monstros em aliados e apresentando uma crítica social importante. Embora possa ser derivativa, a animação é um convite para refletir sobre as verdades que enfrentamos e a coragem necessária para superá-las. Uma experiência que, sem dúvida, deixará o público grudado no sofá.

 

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