O Dia do Trabalhador, comemorado nesta segunda-feira, 01, é feriado nacional no Brasil. Mas, apesar de fazer parte do calendário oficial do país, muitas pessoas desconhecem a origem ou o real motivo por trás da data.
Com base nisso, o DT conversou com o historiador Matheus Coelho Inocêncio, graduado pela Universidade Federal do Ceará, e professor efetivo da Secretaria de Educação do Estado do Ceará, que explica que a data, intitulada como feriado nacional, surgiu a partir de um movimento que reivindicava melhores condições de trabalho. Veja a explicação na íntegra abaixo transcrita ou no final desta matéria por vídeo.
“O 1° de maio, que é uma data que surge no século XIX, particularmente na década de 1880, é uma data fruto da articulação dos sindicatos, das associações operárias, federações de trabalhadores, que pautaram reivindicações de melhores condições de vida e de trabalho, que não eram realidade, ali no seio da revolução industrial.
Direitos e dispositivos, que pra nós, hoje são essenciais como: aposentadoria, férias remuneradas, seguro, em caso de acidente de trabalho e licença maternidade, não estavam colocados para os trabalhadores. Além disso, as jornadas de trabalho eram de dezesseis horas, treze horas, então, toda essa precariedade da vida fez com que esses trabalhadores se organizassem no primeiro de maio para reivindicar. Em resposta a isso os governos e os patrões passam a tentar cooptar essa data como dia do trabalho, onde o sujeito não é mais o trabalhador, mas sim o ato de trabalhar, a força produtiva e inicia um processo de despolitização. Até mesmo a concessão do primeiro de maio como um feriado, para conter o abalo que ele poderia trazer na produção econômica e tentar trazer a ideia de descanso e não de uma politização de uma data que seria para ir às ruas, reivindicar mais direitos.
Aqui no Brasil, esse caso em particular, acontece com muita força no governo de Getúlio Vargas, que governa o Brasil por quinze anos, ininterruptamente, e em seguida em 1943, onde publica no primeiro de maio a consolidação das leis trabalhistas. Vargas tenta cooptar os trabalhadores para o estado através da intervenção, como desfiles, dia de descanso, de festejos e não mais uma data de questionamento da realidade que os trabalhadores vivem.
Então até os dias de hoje, nós temos essa disputa nas organizações das comemorações do primeiro de maio, se o primeiro de maio – dia dos trabalhadores, é um dia da classe trabalhadora, dia do trabalho, dia do protesto, dia da reivindicação ou é meramente um dia de descanso."
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