No último sábado, a cantora Anitta revelou que há alguns meses recebeu o diagnóstico de infecção pelo vírus Epstein-Barr. O patógeno é conhecido por ser o causador da mononucleose infecciosa, popularmente conhecida como “doença do beijo”. O vírus, entretanto, também pode desencadear outra doença, a esclerose múltipla.
Anitta contou sobre seu diagnóstico durante o lançamento do documentário “Eu”, produzido pela atriz Ludmilla Dayer. Na obra, Dayer fala sobre sua luta contra a esclerose múltipla, doença que, segundo ela, foi causada pelo vírus.
“Quando chegaram os resultados eu estava com o mesmo vírus que a Ludmila, em fase inicial. Hoje em dia não existe coincidência. Por sorte, por destino, eu consegui nem chegar no estágio que a Ludmila chegou”, disse a cantora.
Doença do beijo
Mesmo com o nome popular, o vírus Epstein-Barr é uma mononucleose infecciosa transmitida pela saliva. Mesmo com o nome de fácil entendimento, não é apenas o nome que o transmite: uso compartilhado de escova de dentes, copos ou talheres utilizados por uma pessoa infectada podem disseminar o vírus. De acordo com informações do Ministério da Saúde, pessoas entre 15 a 25 anos são os mais infectados pela doença, principalmente os moradores das grandes cidades e no período do Carnaval. O período de transmissibilidade da doença é de mais de um ano, segundo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC). O órgão ressalta, ainda, que o vírus torna-se inativo no paciente passada a infecção, mas que há casos de reativação após o período de transmissão. Manifestada de maneira assintomática, as pessoas que a contraem podem não saber identificar que estão com Epstein-Barr. Isso porque há similaridades com doenças respiratórias comuns e, em geral, segundo o Ministério da Saúde, podem ter contraído o vírus aqueles que apresentarem: febre alta, dor ao engolir, tosse, dor nas articulações, inchaço no pescoço, irritação na pele, amigdalite, fadiga e inchaço do fígado.
O Vírus Epstein?Barr é um vírus da família da herpes, extremamente comum em humanos. Estima-se que de 90% a 95% dos adultos já tenham sido infectados pelo chamado herpesvírus humano 4, responsável por provocar a “doença do beijo”, a mononucleose. Em crianças, o vírus costuma mostrar sintomas leves ou, muitas vezes, assintomática.
Os principais sintomas da infecção são dor de garganta, inchaço nos gânglios, tosse e perda de apetite. Também pode haver fadiga, inflamação do fígado e hipertrofia do baço.
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Como ela pode ser facilmente confundida com outras doenças respiratórias, a única forma de confirmar o diagnóstico de mononucleose é por meio da realização de um exame de sangue específico. Como em outras viroses, não há tratamento específico contra a mononucleose. A única coisa a fazer é o tratamento sintomático, com o uso de antitérmicos, analgésicos, anti-inflamatórios, e bastante repouso.
Entretanto, ao contrário de outros vírus, o Epstein?Barr não é eliminado do organismo. Uma vez infectada, a pessoa pode permanecer com o vírus inativo para sempre. Mas, segundo informações dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), ele pode ser reativado em alguns casos.
A relação entre o vírus e o desenvolvimento da esclerose múltipla foi apontada por um estudo realizado pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, publicado no início deste ano. A análise, que envolveu dados de 10 milhões de militares americanos coletados ao longo de 20 anos, revelou que o vírus atuaria como um gatilho em pessoas geneticamente suscetíveis a doença.
A esclerose múltipla é uma doença multifatorial, na qual o sistema imunológico ataca erroneamente a mielina, uma bainha isolante que envolve muitas fibras nervosas, e esse dano prejudica a capacidade das células nervosas de transmitir sinais. Os primeiros sinais desse dano às células nervosas podem aparecer até seis anos antes do diagnóstico.
Trabalhos anteriores já haviam apontado o papel do vírus no surgimento de outros problemas de saúde, incluindo lúpus e artrite.
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