Terceiro filho em uma família de quatro irmãos, o tocantinense Márlon Jacinto Reis nasceu no ano de 1969 na cidade de Pedro Afonso. É filho da professora Arlete Jacinto Reis e do bancário Dourival Alves dos Reis, que vieram no lombo de burros seguindo tropeiros da Bahia para Pedro Afonso. A profissão de bancário do pai de Márlon foi conquistada após muito esforço. “Meu pai só tinha o primário e foi minha mãe quem o ensinou e o incentivou a prestar concurso para funcionário do Banco da Amazônia. Assim também ela fez comigo e me alfabetizou ainda nos primeiros anos de vida, tanto que eu já cheguei na escola pública alfabetizado. O estudo era forma que ela via de incentivo para que a família pudesse progredir”, lembra Márlon.
Com o trabalho do pai como bancário, Márlon mudou-se muitas vezes de cidade e foi morar em sua juventude em São Luís (MA). Dedicado aos estudos, o pai formou-se em Direito, trabalhou como advogado, mas faleceu em 1992. Foi quando Márlon, para construir sua independência e auxiliar nas finanças de casa, passou a trabalhar como feirante. Trabalhou em feiras da cidade como vendedor de melancias por quatro anos, de onde carrega como grande aprendizado o contato com pessoas. Paralelamente ao trabalho como feirante, Márlon estudou em escolas públicas e se dedicava arduamente aos estudos, inspirado pelos pais. “Eu trabalhava junto com o meu irmão e acordávamos às 3 da manhã para descarregar caminhões de melancias. A minha família enfrentava muitos problemas financeiros, então, era na feira que encontrava auxílio para o complemento da renda, mas em nenhum momento deixei de conciliar o trabalho com os estudos e me dedicar ao máximo”, afirma ele.
E foi com essa dedicação aos estudos e ao trabalho na feira que Márlon passou em vestibular para Direito na Universidade Federal do Maranhão. “Eu escolhi o Direito por inspiração no meu pai. Conhecia pouco da carreira quando prestei o vestibular, mas optei por seguir a mesma carreira dele”, destacou. Mesmo com muitas dificuldades financeiras, conseguiu formar-se advogado. Foi quando Márlon deixou a lida na feira para atuar como advogado e se dedicar ainda mais aos estudos. “Nos primeiros anos de faculdade, meu pai me orientava muito, principalmente na redação de peças. Contudo, quando eu me formei, ele já não estava mais vivo, só que ele foi a minha grande inspiração na carreira”, relatou.
Recém formado, Márlon chegou a trabalhar como advogado do Centro de Defesa Marcos Passelini e logo em seguida se submeteu a concursos em Rondônia, Pará, Tocantins e Maranhão, onde morava na época. Empenhado como era, chegou a passar no Tocantins e foi aprovado em terceiro lugar no concurso do Maranhão, onde tomou posse. “Tomei posse no Maranhão em fevereiro de 1998, onde exerci por muitas vezes o cargo de juiz eleitoral, na cidade de Alto Parnaíba, e lutei muito contra a compra de votos e comecei a exercer o meu papel de educar a população contra a corrupção, trabalho esse que rendeu até o Prêmio Innovare, que é o mais alto prêmio da magistratura nacional”, orgulha-se. Em 2008 tornou-se juiz auxiliar da presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde encabeçou a campanha Eleições Limpas, que tinha a proposta de sensibilizar eleitores a não venderem votos.
Realizou grandes audiências públicas que ficaram conhecidas como "Comícios da Cidadania contra a Corrupção Eleitoral". Os eventos chegaram a reunir 20 mil pessoas em praça pública, onde ele falava sobre democracia em comunidades marcadas por práticas políticas atrasadas, o que lhe rendeu ameaças de morte e representações que buscavam deter as suas atividades.
Lei da Ficha Limpa
A ligação de Márlon Reis contra a compra de votos em todo o Brasil rendeu a fundação do Movimento de Combate à Corrupção, de iniciativa do tocantinense, em 2002. Sobre o surgimento desse movimento que atualmente é reconhecido internacionalmente pela projeção e conquistas no combate à corrupção, o fundador relembra o início bastante curioso. "Convidamos 90 pessoas, mas só foram cinco. Mas foram esses cinco que se engajaram, o movimento aprimorou, evoluiu, até que em 2007 criou a Lei da Ficha Limpa, um projeto de Lei de iniciativa popular que tratava sobre alteração da Lei de Inelegibilidade baseada na vida regressa dos candidatos”, descreveu.
Foi considerado pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes de 2009. Em julho de 2012, foi o único brasileiro selecionado, entre 460 líderes, para representar o Brasil no “Draper Hills Summer Fellows”, encontro mundial sobre cidadania, direitos humanos e mobilização social, no estado da Califórnia, EUA, a convite da Universidade de Stanford.
A Lei de Acesso à Informação foi aplicada de forma pioneira para, superando falhas presentes na legislação eleitoral, permitir que os eleitores começassem a saber, ainda durante as campanhas, a identidade das pessoas e empresas interessadas na candidatura. A iniciativa lhe rendeu a conquista, ainda em 2012, do Prêmio UNODC, outorgado pelo Escritório da Organização das Nações Unidas contra as Drogas e o Crime. Proferiu palestras no México, Malásia (Ásia), Tunísia (África) e Alemanha. Chegou a receber um convite do Departamento de Estado Norte Americano para uma visita oficial aos EUA em março de 2016.
Enquanto juiz, foi o primeiro a exigir a divulgação antecipada dos nomes dos doadores de campanha, com base na Lei de Acesso à Informação. A medida inspirou o TSE, que a tornou obrigatória no País. “Eu sabia que podia fazer mais, porém, a função que eu exercia me limitava e, por isso, acabei retornando para a advocacia. Sabia que poderia contribuir mais e se possível fazer uma mudança significativa no cenário político brasileiro”, ressaltou.
O Nobre Deputado
Márlon escreveu vários livros que focam o combate à corrupção e, em 2014, publicou em linguagem popular a obra “O Nobre Deputado”, onde traz inúmeros relatos sobre como nasce, cresce e se perpetua um ‘corrupto’ na política brasileira. O best seller que revela o que ocorre nos bastidores de uma campanha eleitoral chegou a ser tema de reportagens em todo o País, como o Fantástico, da Rede Globo.
Sua luta pela defesa das minorias e igualdade racial
Sua atuação como advogado não abrange somente a área eleitoral, Márlon Reis também é considerado um expoente na defesa pela das minorias, em especial pela igualdade racial. As ações movidas pelo advogado geraram processos judiciais e obtiveram, em sua maioria, decisões e acordos favoráveis, onde os valores foram convertidos à comunidade negra em forma de bolsas de estudos, auxílio permanência e fomento ao empreendedorismo de afrodescendentes.
Aos 52 anos, o jurista, advogado e ex-magistrado tocantinense almeja fazer mais pelo país e principalmente pelo Tocantins, sua terra natal, e concorre ao cargo de Deputado Federal.
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