Chuvas do mês de março impactam safras do mês de abril ; confira o balanço nas regiões produtoras

Segundo o Boletim de Monitoramento Agrícola (BMA), divulgado no último dia 28 pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o mês de março foi de intensas chuvas, beneficiando as condições climáticas na maioria das regiões produtoras. 

O boletim também aponta irregularidade e escassez de precipitações em partes das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul que têm restringido o desenvolvimento das lavouras de segunda safra. A umidade do solo se manteve estável em Mato Grosso, Goiás, Matopiba e em partes dos estados de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Isso favoreceu as fases finais e as operações de colheita dos cultivos de primeira safra, bem como a semeadura e o desenvolvimento dos cultivos de segunda safra.

“Volumes de chuva reduzidos, associados às altas temperaturas, têm provocado restrição hídrica em cultivos de segunda safra em algumas áreas de Mato Grosso do Sul, do Oeste e Norte do Paraná, em partes de São Paulo, Norte de Minas Gerais, Centro-Sul e Centro-Norte da Bahia. Por outro lado, no Rio Grande do Sul, tempestades com ventos fortes e granizos causaram danos pontuais às lavouras”, aponta o balanço.

Balanço 

No caso do tomate, o calor em janeiro acelerou a maturação do fruto, fazendo com que a oferta fosse aumentada no primeiro mês do ano. Por consequência, houve uma menor disponibilidade do produto em ponto de colheita em fevereiro, indicando um esgotamento da safra de verão, que costuma ser substituída pela safra de inverno somente em março/abril. 

Para a cebola, alta nos preços é esperada para o período, uma vez que o mercado é abastecido pela oferta no sul do país, notadamente em Santa Catarina, que é complementada pela cebola importada que influencia no aumento registrado.

O levantamento ainda mostra que a cenoura, em contrapartida, registrou queda nas cotações. O aumento na quantidade de raiz ofertada nas Centrais de Abastecimento (Ceasas) analisadas é um dos fatores que explicam a redução. Com a intensificação da colheita nos principais estados produtores, pode-se inferir que o deslocamento do produto foi menor, reduzindo custos.

Já no caso da batata, os preços se elevaram, mas em menor intensidade se comparado com janeiro deste ano e dezembro de 2023. Esse arrefecimento da alta é justificado pela maior oferta do tubérculo. Vale destacar que o clima atrasou o plantio do produto e com isso a entrada da safra das águas com maior intensidade tende a ocorrer de forma mais tardia. 

Conforme explica a Conab, no início deste mês, os preços na maioria das Ceasas analisadas, apresentam comportamento descendente, um indício de que a safra das águas tem seu ritmo de colheita acelerado, aumentando a disponibilidade do tubérculo nos mercados.

Frutas 

Para as frutas analisadas pela Companhia, a maior alta ficou para a banana, com uma elevação na média ponderada de 20,41%. Ventanias e tempestades que prejudicaram os bananais da variedade nanica nas principais regiões produtoras, do norte catarinense ao Vale do Ribeira/SP reduzindo a oferta da fruta. Já a disponibilidade da prata é afetada pela entressafra pela qual passa a produção.

Para o mercado de laranja, fevereiro foi caracterizado pela elevação das cotações e oscilação da comercialização, em meio à continuidade da escassez da fruta nos pomares. Mesmo com a desaceleração dos pedidos da indústria, a colheita de laranja para o atacado e varejo continuou baixa, pressionando ainda mais as cotações em meio à boa demanda em virtude do calor. 

Cenário semelhante foi verificado para a maçã, com instabilidade nas vendas e alta nos preços. A colheita da variedade gala foi intensificada no mês, em meio a dificuldades, em alguns momentos, com chuvas nas regiões dos pomares, o que atrasou as atividades. Já para a variedade fuji a colheita deve ser iniciada na segunda quinzena de março. Em março e abril espera-se que aumente a disponibilidade de frutas já classificadas e, tanto da variedade fuji quanto gala e, assim, ocorra suave queda de preços em algumas centrais de abastecimento.

Por outro lado, mamão e melancia tiveram movimento de queda nos preços. Para o mamão, a demanda esteve fraca e a oferta aumentou bastante na primeira quinzena de fevereiro. Essa maior disponibilidade pode ser explicada pelas as chuvas no sul baiano e norte capixaba, aliado ao calor na região, o que pode ter acelerado o amadurecimento da fruta. Já no pós-carnaval, a oferta diminuiu gradualmente, assim como a demanda melhorou levemente.

A melancia também registrou movimentos diferentes ao longo do mês passado. Na primeira parte de fevereiro, a colheita foi mais contida nas praças gaúchas, pois o calor causou perda de qualidade e queimadura nas cascas, aumentando a necessidade de irrigação e, assim, implicando elevação dos custos de produção. Já na segunda parte do mês as chuvas voltaram, auxiliando no desenvolvimento das frutas e aumentando a oferta.

 

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