Houve um agravamento dramático da fome mundial em 2023, segundo relatório global sobre crises alimentares publicado nesta quarta-feira (24) pela FAO, braço da ONU para alimentação, pelo UNICEF, fundo da ONU para infância, e o Programa Mundial de Alimentos (PMA), em parceria com organizações internacionais, como a União Europeia, e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional.
O documento faz um raio-x detalhado da fome no mundo e destaca que a situação se agravou significativamente desde 2016, quando cerca de uma em cada 10 pessoas em 48 países passavam fome.
“Esse quinto ano consecutivo de aumento do número de pessoas que enfrentam altos níveis de insegurança alimentar aguda confirma a enormidade do desafio de atingir a meta de acabar com a fome até 2030”, afirmou o documento.
Fome em números recorde
Os números, alarmantes, apontam que mais de uma em cada cinco pessoas em 59 países enfrentaram insegurança alimentar aguda em 2023. O número de pessoas ameaçadas pela fome chegou a 281 milhões no ano passado, um recorde.
O relatório revela que a insegurança alimentar subiu pelo quinto ano consecutivo e piorou sobre 2022, quando 257 milhões de pessoas passaram fome.
Em termos percentuais, a parcela da população global que enfrenta elevados níveis de insegurança alimentar aguda, aumentou acentuadamente e passou de 14% em 2018 para mais de 20% em todos os anos desde 2020, atingindo o nível máximo em 2022, com 23%.
Em 2023, o percentual caiu para 21,5%, o que poderia indicar uma ligeira melhora, mas os autores explicam que como a área de abrangência do estudo ficou maior, houve um aumento absoluto de pessoas afetadas pela insegurança alimentar aguda.
O relatório cita o impacto das crises econômicas em países asiáticos, por exemplo, e afirma que a inflação global foi persistentemente elevada no Paquistão, em Mianmar e Bangladesh ao longo de 2023, além de ressaltar que no Afeganistão, os choques causados pela estagnação dos salários e pelo desemprego generalizado foram os principais fatores de insegurança alimentar aguda.
O relatório lembra ainda que eventos climáticos extremos foram um fator mais proeminente para a fome em 2023 do que em 2022 por causa do fenômeno do El Niño, que provocou chuvas irregulares e reduzidas, temperaturas acima do normal e redução do rendimento das colheitas em países da América Latina, como Guatemala, Honduras e no Corredor Seco de El Salvador e Nicarágua.
Por fim, o levantamento concluiu que, embora a percentagem global de pessoas definidas como perigosamente inseguras em termos alimentares no ano passado tenha sido 1,2% inferior à de 2022, o problema piorou significativamente desde a crise da Covid-19.
Confira o relatório na íntegra
Relacionado
Link para compartilhar: