Na tentativa de preparar o mundo para futuras doenças epidemiológicas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) criou o conceito de “doença X”. Esta expressão designa uma grave epidemia internacional que pode ser causada por um patógeno atualmente desconhecido. A ideia é que, embora não saibamos ainda qual será essa doença, é crucial que a população esteja preparada.
O objetivo da OMS com a criação da “doença X” é incentivar os cientistas a desenvolverem medidas médicas preventivas, como novas tecnologias de vacinas e medicamentos, para mitigar o impacto de possíveis ameaças infecciosas. Em 2017, a OMS incluiu a “doença X” em uma lista de agentes patogênicos prioritários para pesquisa, junto com doenças já conhecidas e perigosas, como a síndrome respiratória aguda grave (SARS) e o ebola. A COVID-19, por exemplo, era considerada uma “doença X” até desencadear a pandemia em 2019.
A lista atual da OMS inclui, além da COVID-19, a febre hemorrágica da Crimeia-Congo, a doença pelo vírus Ebola e pelo vírus Marburg, a febre de Lassa, a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS) e a SARS, o vírus Nipah, doenças henipavirais, a febre do Vale do Rift, o zika vírus e a “doença X”.
Os vírus que circulam no mundo, principalmente em áreas de florestas e na vida selvagem, são fontes potenciais de novas doenças. As zonas quentes, onde humanos e animais selvagens se encontram, são vistas como locais de risco para o surgimento de zoonoses — doenças de origem animal. Quando o equilíbrio natural é perturbado, por exemplo, pela destruição de florestas ou pela caça de animais, os vírus podem buscar novos hospedeiros, incluindo os humanos.
O Rio de Janeiro é considerado uma zona quente em potencial devido às grandes aglomerações humanas em condições sanitárias precárias e às alterações ambientais em larga escala. Este cenário pode favorecer o surgimento de novas doenças.
Recentemente, circulou nas redes sociais o boato de que autoridades, incluindo a ministra da Saúde, Nísia Trindade, teriam tramado a criação de uma doença chamada “Doença X” durante o Fórum Econômico Mundial, como justificativa para mortes atribuídas a vacinas. No entanto, o projeto Saúde com Ciência esclareceu que essa informação é falsa. O boato surgiu durante o painel “Preparando-se para a ‘Doença X’” no fórum em Davos, Suíça. O debate focava nos esforços para preparar os sistemas de saúde para futuros desafios.
O Fórum Econômico Mundial, realizado anualmente na Suíça, reúne autoridades para debater desenvolvimento e cooperação público-privada. A edição deste ano, de 15 a 19 de janeiro, teve como lema “Reconstruindo a confiança”. Um dos painéis discutiu os riscos de uma nova pandemia, a “doença X”, que, embora ainda seja um conceito hipotético, visa preparar o mundo para um novo agente patogênico desconhecido.
Mais de 300 cientistas trabalham para identificar possíveis novos patógenos que poderiam causar epidemias. A OMS acredita que uma nova doença em escala global, como a “doença X”, poderia causar até 20 vezes mais mortes do que a COVID-19. O debate no Fórum Econômico Mundial destacou a importância de investir em tecnologia, inovação e na redução da desigualdade entre os países no desenvolvimento de medicamentos, vacinas e testes diagnósticos.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, enfatizou os aprendizados do Brasil no enfrentamento da COVID-19 e sugeriu caminhos para o futuro, incluindo investimentos em tecnologia e a criação de alianças para a produção local de insumos de saúde. Ela também participou de debates sobre a relação entre mudanças climáticas e saúde, defendendo sistemas de saúde resilientes e equitativos.
O Ministério da Saúde reforça que as vacinas são seguras, eficazes e aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). As vacinas aplicadas no Brasil passam por rigorosos controles e continuam a ser monitoradas após a comercialização e administração em massa.
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