Bolsas de valores do mundo inteiro sentem impacto de "segunda-feira sangrenta" com recessão do dólar; especialista explica principais impactos

O Ibovespa, principal índice da B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), registrou 124.627,46 pontos às 13h27 desta segunda-feira, 5 de agosto de 2024, representando um recuo de 0,72%. Durante o dia, o índice alcançou uma mínima de 123.073 pontos, resultando em uma queda de 2,20%. Essa trajetória de queda do mercado brasileiro se alinha com o comportamento dos principais índices globais, levando a uma expectativa de uma “segunda-feira sangrenta” nas Bolsas.

As baixas nas Bolsas internacionais estão sendo impulsionadas, principalmente, pelo temor de uma recessão nos Estados Unidos. Os números divulgados sobre a criação de empregos no país em julho ficaram abaixo do esperado, com apenas 187 mil vagas adicionadas, em comparação com as expectativas de 220 mil. Esse resultado indica uma desaceleração na economia norte-americana. O impacto deste cenário é evidente, com a Bolsa de Valores de Tóquio enfrentando a maior queda desde 1987, recuando 4,2% no fechamento.

Os índices norte-americanos também apresentaram resultados negativos. O Dow Jones caiu 1,91%, fechando em 33.113 pontos, enquanto o S&P 500 teve uma queda de 1,99%, encerrando em 4.261 pontos. O Nasdaq recuou 2,22%, fechando a 13.104 pontos.

As Bolsas da Europa seguiram a mesma tendência, com os principais índices da Espanha, Itália e Reino Unido registrando quedas de 2,34%, 2,27% e 2,04%, respectivamente. O DAX, na Alemanha, também caiu 2,12%, refletindo a preocupação com a saúde econômica global.

O dólar comercial, por sua vez, registrou uma alta de 0,45%, sendo cotado a R$ 5,73. A moeda atingiu uma máxima de R$ 5,86 logo após as 9h, refletindo um aumento de 2,4% em relação ao dia anterior.

Ao Diário Tocantinense, o economista Lucas César Alvarez explicou que este movimento do dólar acompanha a instabilidade nos mercados financeiros internacionais e a busca por ativos considerados mais seguros em tempos de incerteza.

"As possibilidades de uma recessão nos Estados Unidos têm levado a discussões sobre a atuação do Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano. Analistas do mercado financeiro sugerem que a autoridade monetária pode antecipar o início do ciclo de cortes nos juros, atualmente entre 5,25% e 5,50%", pontuou.

Além disso, o profissional também relembrou que existe uma expectativa de que um corte emergencial de 0,25 ponto percentual possa ser realizado em uma reunião prevista para a próxima semana, uma medida que pode influenciar o fluxo de capital para emergentes, como o Brasil.

"A expectativa inicial era de que os cortes de juros começassem em setembro, mas o cenário econômico atual tem pressionado o Fed a reavaliar sua abordagem. O temor de uma recessão pode acelerar decisões que impactem o mercado financeiro", disse.

"A relação entre a política monetária dos EUA e as economias emergentes é um fator chave, visto que ajustes nas taxas de juros podem afetar os investimentos em países como o Brasil", completou

Para Lucas, os desenvolvimentos nas próximas semanas serão observados com atenção, pois podem moldar a trajetória dos índices e a resposta dos investidores.

Além disso, a instabilidade atual sugere que a volatilidade deve persistir, refletindo a insegurança em relação à recuperação econômica global. O desempenho do Ibovespa e as reações das moedas e índices internacionais demonstram como eventos econômicos em uma região podem ter repercussões amplas no cenário financeiro global.

"O monitoramento constante dos indicadores será crucial para entender os rumos do mercado nos próximos dias. Investidores e analistas estarão atentos a novos dados econômicos dos EUA, bem como a declarações de membros do Fed, que poderão oferecer mais clareza sobre as direções futuras da política monetária e suas implicações para a economia global", concluiu.

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