Capacitismo ainda é um desafio diário para milhões de pessoas com deficiência no Brasil.
Hoje, 3 de dezembro, celebra-se o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1992 para promover os direitos e o bem-estar de pessoas com deficiência em todas as esferas da sociedade. Neste contexto, a Associação dos Juristas e Servidores Públicos do Tocantins (AJUSP-TO) reforça a importância do combate ao capacitismo, uma das formas mais persistentes de preconceito enfrentadas por pessoas com deficiência.
O que é capacitismo?
O capacitismo é a discriminação e o preconceito contra pessoas com deficiência, baseado na ideia de que elas são inferiores ou incapazes. Esse tipo de preconceito pode se manifestar de diversas formas, como atitudes condescendentes, barreiras arquitetônicas que dificultam a mobilidade, ausência de acessibilidade em serviços e comunicações e até mesmo na negação de oportunidades iguais no mercado de trabalho.
Segundo a psicóloga e especialista em inclusão social, Marina Santos, “o capacitismo não é apenas sobre palavras ou atitudes ofensivas, mas também sobre a perpetuação de uma estrutura social que marginaliza e limita as pessoas com deficiência. Essa forma de discriminação está presente em pequenas ações cotidianas, muitas vezes inconscientes, como oferecer ajuda sem ser solicitado ou tratar a deficiência como algo que deve ser superado.”
Impactos do capacitismo
As consequências do capacitismo vão além do preconceito individual. Ele reforça barreiras sociais que impedem o acesso a direitos fundamentais, como educação, saúde, trabalho e lazer. No Brasil, dados do IBGE apontam que 17,3 milhões de pessoas declararam ter algum tipo de deficiência em 2020, o que representa cerca de 8,4% da população. No entanto, a taxa de participação desse grupo no mercado de trabalho formal ainda é extremamente baixa, com apenas 1% das vagas ocupadas por pessoas com deficiência, de acordo com o Ministério da Economia.
Para Renato Pereira, advogado e membro da AJUSP-TO, é fundamental que a sociedade avance na inclusão dessas pessoas em todos os âmbitos: “O capacitismo não é apenas uma questão de preconceito, mas de exclusão estrutural. Precisamos garantir que as leis de inclusão sejam efetivamente aplicadas e que as pessoas com deficiência sejam vistas como indivíduos plenos, com capacidade para participar e contribuir em qualquer espaço social.”
Desafios para a inclusão
Entre os desafios mais frequentes estão as barreiras arquitetônicas e a falta de acessibilidade em ambientes públicos e privados. Além disso, estereótipos sobre a deficiência, como a ideia de que essas pessoas são “inspiradoras” por simplesmente existirem, reforçam a marginalização.
“A inclusão só será plena quando as pessoas com deficiência puderem exercer sua cidadania sem serem reduzidas à sua condição física, sensorial ou intelectual. A sociedade precisa evoluir para entender que a deficiência não define o valor ou a competência de ninguém,” destaca a socióloga Ana Paula Lima, especialista em diversidade e inclusão.
Como combater o capacitismo?
1. Informação e conscientização: Entender o que é capacitismo e identificar práticas e falas preconceituosas é o primeiro passo para combatê-lo.
2. Acessibilidade: Garantir que ambientes, serviços e informações sejam acessíveis para todos.
3. Políticas públicas: Cobrar do poder público a implementação e fiscalização de políticas de inclusão, como a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015).
4. Respeito: Tratar as pessoas com deficiência com igualdade, sem superprotegê-las ou desconsiderar suas capacidades.
A mensagem da AJUSP-TO
Neste Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, a AJUSP-TO reforça seu compromisso em combater o capacitismo e promover uma sociedade mais inclusiva e acessível. “A luta pela inclusão e contra o capacitismo deve ser de toda a sociedade. Cada um de nós tem o dever de contribuir para a construção de um mundo onde a diversidade seja respeitada e celebrada,” conclui Renato Pereira.
O caminho para uma sociedade inclusiva é longo, mas datas como essa são um marco para refletir e agir contra as desigualdades que ainda afetam milhões de pessoas com deficiência no Brasil e no mundo.
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