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Tocantins revela estabilidade habitacional acima da média regional, mas acesso à infraestrutura ainda desafia moradores

Os resultados preliminares do Censo 2022, divulgados pelo IBGE, mostram que o Tocantins registra um índice de 63,2% de domicílios próprios e quitados, posicionando-se levemente abaixo da média nacional (63,6%), mas acima da média de outros estados da Região Norte. O dado reflete um cenário de estabilidade habitacional no estado, mas levanta questões sobre a qualidade da infraestrutura doméstica e acesso a bens essenciais, como máquinas de lavar e internet.

Para a economista e especialista em planejamento urbano Ana Clara Mendonça, o cenário reflete aspectos culturais e econômicos da região. “O Tocantins tem um perfil habitacional marcado pela tradição de propriedade como garantia de estabilidade econômica. Entretanto, o fato de mais da metade das casas ainda não contarem com itens básicos, como máquinas de lavar, indica desigualdades que precisam ser combatidas com políticas de desenvolvimento regional”, afirma.

Infraestrutura ainda desigual

O levantamento aponta que, embora 63,2% dos domicílios sejam próprios e quitados, a presença de bens duráveis e o acesso à infraestrutura ainda apresentam desafios. Apenas 54,8% dos domicílios tocantinenses possuem máquinas de lavar, um número significativamente inferior à média nacional, que é de 68,1%.

Já o acesso à internet alcança 87% dos domicílios no estado, próximo à média nacional de 89,3%, mas acima da média da Região Norte, que ficou em 81%. Para o sociólogo Mateus Barreto, essa diferença reflete avanços recentes, mas também limitações. “O aumento no acesso à internet é um indicador importante de inclusão digital. No entanto, a disparidade no acesso a bens como máquinas de lavar sugere que, enquanto o estado avança em conectividade, questões básicas de conforto e infraestrutura ainda ficam em segundo plano”, analisa.

Distribuição de cômodos reforça perfil tradicional

Outro destaque do levantamento é a configuração das residências no estado. Cerca de 42% dos domicílios possuem entre seis e nove cômodos, enquanto apenas 1,5 mil residências foram classificadas como tendo apenas um cômodo. Segundo o arquiteto e urbanista Carlos Lima, essa distribuição revela um padrão tradicional de habitação. “O Tocantins possui muitas residências voltadas para famílias maiores, o que se alinha com o perfil cultural e econômico de um estado em desenvolvimento, onde a família extensa ainda é a base da sociedade”, explica.

Qualidade das construções ainda desafia o Norte

O material das construções também chamou atenção no levantamento. No Tocantins, 80,4% dos domicílios utilizam alvenaria com revestimento, uma taxa superior à média da Região Norte (63,2%), mas ainda abaixo da média nacional (87%). A pesquisadora de habitação social Maria Luísa Soares avalia que esse dado reflete tanto avanços quanto limitações. “Embora o Tocantins apresente índices acima da média regional, é fundamental garantir políticas públicas que promovam moradias de qualidade em toda a Região Norte, especialmente em estados com menor densidade demográfica, como o Tocantins”, ressalta.

Perspectivas futuras

Os resultados finais do Censo 2022 serão divulgados apenas em 2025, mas os dados preliminares já evidenciam a importância de políticas habitacionais focadas na redução das desigualdades regionais. Para especialistas, o desafio no Tocantins é equilibrar avanços na posse de imóveis com a melhoria de condições básicas de infraestrutura e qualidade de vida.

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