A fibromialgia é uma condição crônica caracterizada por dores generalizadas, fadiga extrema e distúrbios do sono. Apesar de afetar cerca de 2,5% da população brasileira, segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), a doença ainda é cercada de desconhecimento e estigma. Para esclarecer dúvidas, conversamos com especialistas e pacientes que compartilharam suas experiências e desafios.
“O maior problema da fibromialgia é que ela não aparece em exames. O diagnóstico é clínico, baseado nos sintomas e na exclusão de outras doenças”, explica o Dr. Ricardo Fuller, reumatologista e membro da SBR.
Causas e sintomas: o que se sabe sobre a fibromialgia
As causas exatas da fibromialgia ainda são desconhecidas, mas estudos apontam para uma combinação de fatores genéticos, hormonais e ambientais. “Pacientes com histórico familiar têm maior predisposição, mas eventos traumáticos, como acidentes ou estresse emocional, também podem desencadear a doença”, afirma a Dra. Camila Freitas, pesquisadora em dor crônica.
Os sintomas variam de pessoa para pessoa, mas os mais comuns incluem:
- Dores musculares generalizadas;
- Fadiga persistente;
- Distúrbios do sono, como insônia;
- Dificuldades cognitivas, conhecidas como “névoa mental”.
Para Ana Clara, 38 anos, diagnosticada há cinco anos, o impacto vai além da dor física. “Muitas pessoas não entendem que a fibromialgia afeta também a saúde mental. É uma luta diária para manter o equilíbrio emocional”, relata.
Tratamentos e a busca por qualidade de vida
A fibromialgia não tem cura, mas os tratamentos disponíveis podem melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes. “O manejo da doença envolve uma abordagem multidisciplinar, que inclui medicamentos, terapia física e acompanhamento psicológico”, explica o Dr. Fuller.
Entre as opções terapêuticas, destacam-se:
- Medicamentos: antidepressivos e anticonvulsivantes para controlar a dor;
- Fisioterapia: exercícios de fortalecimento e alongamento;
- Terapia cognitivo-comportamental (TCC): para lidar com o impacto emocional da doença.
Além disso, práticas complementares como acupuntura, yoga e meditação têm ganhado espaço no tratamento. “A yoga me ajudou a recuperar parte da mobilidade e a reduzir o estresse”, conta Carlos Eduardo, 45 anos, que convive com a fibromialgia há uma década.
Há esperança de cura?
Apesar dos avanços na pesquisa, a cura para a fibromialgia ainda não foi descoberta. No entanto, estudos recentes trazem esperança. “Estamos investigando o papel da inflamação neurogênica e de marcadores genéticos no desenvolvimento da doença. Essas descobertas podem abrir caminho para tratamentos mais eficazes no futuro”, afirma a Dra. Freitas.
Enquanto isso, pacientes e médicos reforçam a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado. “A fibromialgia não precisa ser uma sentença de dor eterna. Com o manejo correto, é possível viver bem”, conclui o Dr. Fuller.
A fibromialgia é uma doença complexa e desafiadora, mas com o suporte médico e emocional adequado, os pacientes podem recuperar parte de sua qualidade de vida. A conscientização e o acesso a informações confiáveis são fundamentais para reduzir o estigma e promover um tratamento mais humanizado.
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