Apesar da entrada de uma frente fria pelo Centro-Sul do país, o Tocantins inicia julho sob condições climáticas severas. Sem previsão de chuvas significativas para os próximos dias, o Estado segue sob alerta amarelo de baixa umidade emitido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), com níveis que variam entre 30% e 20% em diversas regiões, incluindo a capital Palmas, Araguaína, Colinas do Tocantins, Gurupi e Couto Magalhães.
Segundo o boletim meteorológico divulgado nesta segunda-feira (30), o calor continuará intenso, com temperaturas acima dos 34°C durante o dia e sem perspectiva de mudanças relevantes no padrão seco que predomina desde o fim do período chuvoso. O fenômeno é típico desta época do ano na região Centro-Norte, mas a intensidade do calor e o prolongamento da estiagem acendem alertas em setores da saúde pública e da agricultura.
“Julho começa com temperaturas elevadas em praticamente todo o Estado e com níveis de umidade que exigem atenção. O ar seco favorece doenças respiratórias, desidratação e até incêndios em vegetação”, explica a meteorologista Elizabeth Alves Ferreira, do INMET.
Palmas: céu limpo, calor e desconforto térmico
Na capital, a semana começa com sol forte e temperaturas variando entre 22 °C pela manhã e 34 °C à tarde. A umidade relativa do ar deve atingir os níveis mais críticos entre 13h e 16h, quando pode cair abaixo dos 25%, segundo o Climatempo. O índice é inferior ao mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 30%.
“Estamos em um dos períodos mais secos do ano. A sensação térmica é de abafamento constante, e a ausência de vento agrava a percepção de calor”, avalia Ferreira. Em áreas abertas, como praças e estacionamentos, termômetros já marcam até 37 °C em horários de pico.
Araguaína e Colinas: termômetros sobem, nebulosidade não avança
No norte do Estado, Araguaína e Colinas do Tocantins enfrentam um quadro semelhante. As máximas devem chegar a 35 °C ao longo da semana, com sol predominante e presença ocasional de névoa seca. Não há previsão de chuva nos próximos sete dias.
A população relata desconforto para dormir e aumento no uso de ventiladores e aparelhos de climatização. “A energia subiu e o clima não ajuda. Dormimos com a garganta seca”, diz a dona de casa Maria de Lourdes, moradora do setor Brasil, em Araguaína.
Gurupi e Couto Magalhães: impacto direto na saúde e nas lavouras
No sul e sudoeste do Estado, a situação se repete. Em Gurupi, a máxima prevista para quarta-feira (2) é de 35 °C, com umidade oscilando em torno de 22%. A cidade tem registrado crescimento nos atendimentos por crises respiratórias, segundo dados repassados pela Secretaria Municipal de Saúde.
Couto Magalhães, cidade com forte presença de pequenos produtores, já sente o impacto da seca no campo. “A terra já começa a rachar. Quem não tem irrigação vai perder a segunda safra”, afirma o produtor rural Antônio Soares, que cultiva milho e hortaliças na zona rural do município. Ele teme pela produtividade nas próximas semanas, caso o clima se mantenha.
Alerta amarelo: o que significa e como se proteger
O alerta amarelo emitido pelo INMET para o Tocantins está em vigor até pelo menos a noite desta segunda-feira, mas pode ser renovado ao longo da semana. O aviso indica risco moderado à saúde e baixo risco de incêndios florestais, com umidade do ar variando entre 20% e 30%.
Entre as recomendações estão:
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Ingerir bastante líquido ao longo do dia;
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Evitar atividades físicas intensas entre 10h e 16h;
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Umidificar ambientes fechados com toalhas molhadas ou recipientes com água;
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Usar soro fisiológico para aliviar irritações nos olhos e nariz.
A Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros também alertam para o aumento do risco de queimadas ilegais e reforçam o monitoramento em áreas urbanas e rurais.
Produção agrícola sob pressão
Com a ausência de chuvas e baixa umidade, cresce a preocupação com os impactos na produção agrícola. Técnicos da Secretaria da Agricultura do Tocantins apontam para a necessidade de ações de mitigação em propriedades menores, como o incentivo à irrigação de baixo custo e uso de cobertura vegetal para reduzir evaporação do solo.
Em entrevista ao Diário Tocantinense, o agrônomo Pedro Santoro, que atua na região de Porto Nacional, diz que o cenário é preocupante. “Já temos perda de rendimento em hortaliças e frutíferas. A reposição hídrica só é viável para quem tem estrutura. Os pequenos produtores vão precisar de apoio emergencial se esse cenário se estender.”
Frente fria sem efeito direto no Estado
Diferente do Centro-Sul do Brasil, que já sente a entrada de uma nova massa polar — a quarta frente fria de 2025 —, o Tocantins deve continuar fora da rota das chuvas. A frente fria, embora tenha derrubado as temperaturas em Goiás e no Distrito Federal, não deve alcançar o Norte com força suficiente para provocar mudanças climáticas significativas.
“A frente fria atinge a região Sudeste com força, mas no Tocantins o efeito será apenas marginal. O bloqueio atmosférico impede o avanço das frentes úmidas”, esclarece Elizabeth Ferreira.
Previsão por cidade: semana seca e quente
Cidade | Máxima prevista (°C) | Mínima prevista (°C) | Umidade mínima (%) |
---|---|---|---|
Palmas | 34°C | 22°C | 23% |
Araguaína | 35°C | 23°C | 24% |
Colinas | 32°C | 22°C | 25% |
Gurupi | 35°C | 21°C | 22% |
Couto Magalhães | 35°C | 22°C | 21% |
Fonte: INMET / Climatempo — boletim atualizado em 30/06/2025
O que esperar de julho?
Historicamente, julho marca o ápice da estiagem no Tocantins, com chuvas praticamente nulas até o início de setembro. A previsão para este ano é de que o padrão se mantenha, com temperaturas altas, baixa umidade e grande amplitude térmica — manhãs amenas e tardes extremamente quentes.
“A tendência é de manutenção do clima seco até meados de agosto. Qualquer mudança significativa dependerá de alterações nos ventos e na atuação das frentes frias no Sul”, conclui Ferreira.
Enquanto isso, a orientação é simples: redobrar os cuidados com a saúde, evitar queimadas e preparar-se para mais semanas de calor seco em todo o território tocantinense.
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