Limitações no plano gratuito da plataforma de organização impactam pequenas equipes, ONGs e voluntários; especialistas apontam perda de confiança
O Trello, uma das ferramentas mais populares de organização visual por quadros, adotou recentemente uma série de mudanças em seu plano gratuito. A decisão, segundo a plataforma, visa “proteger o sistema e garantir estabilidade”, mas tem gerado forte reação entre usuários, especialmente entre pequenas equipes, projetos voluntários e organizações sem fins lucrativos.
As principais alterações envolvem um novo teto para colaboradores por workspace — limitado agora a 10 membros, incluindo convidados —, restrição de até 10 quadros por espaço gratuito e uma redução significativa na cota de automações do sistema Butler: de forma gratuita, apenas 250 execuções mensais e 2.500 operações estão disponíveis. Já usuários de planos pagos relataram limitações não esperadas em funcionalidades avançadas, como automações, mesmo após a contratação da versão Premium.
Nas redes sociais, o tom das reações foi de frustração. “Essas mudanças estão arruinando meu projeto… trabalhamos com uma equipe voluntária de cerca de 40 pessoas. O custo mensal saltou de US$ 0 para US$ 600”, escreveu um usuário no Reddit. Outro, também na comunidade da plataforma, destacou: “Somos uma ONG pequena, e essas alterações estão nos forçando a repensar toda a nossa operação.”
No X (antigo Twitter), usuários apontaram inconsistências entre as limitações divulgadas e a experiência prática no uso do Butler. A percepção recorrente é de que a plataforma tem empurrado seus usuários mais engajados para planos pagos, sem aviso prévio suficiente ou ajustes compatíveis à realidade de projetos menores.
Em nota publicada em seu blog e nos canais de suporte, o Trello afirma que a cota de automações é compartilhada por todo o workspace e que é reiniciada a cada mês, com variações conforme o plano. Reforça ainda que, desde abril de 2024, não é mais possível adicionar o 11º colaborador à versão gratuita. “Os novos limites são necessários para garantir a estabilidade do sistema e a continuidade dos serviços”, diz o comunicado.
Para a consultora em experiência do usuário Ana Souza, da ProdUX, as mudanças afetam diretamente a usabilidade e a confiança dos usuários. “Elas fragmentam fluxos de trabalho, especialmente em iniciativas colaborativas menores. A sensação de ser ‘forçado’ à migração para planos pagos prejudica a credibilidade da plataforma”, avalia.
Segundo Ana, os impactos são mais severos entre pequenas equipes e ONGs que, diante das novas regras, precisarão se reorganizar em múltiplos workspaces ou buscar plataformas alternativas. “Projetos que dependem de planejamento visual complexo também perdem eficiência, já que a limitação de quadros e automações exige adaptações operacionais ou corte de funcionalidades”, afirma.
Entre as soluções sugeridas por especialistas, estão:
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Reorganizar equipes em workspaces menores;
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Reduzir automações ou retornar a processos manuais simples;
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Avaliar o plano Standard, de US$ 5 por mês, que amplia as permissões básicas;
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Migrar para plataformas concorrentes como Asana, ClickUp ou Notion, que oferecem políticas mais flexíveis no plano gratuito.
As mudanças evidenciam uma tendência de readequação de custos por parte das plataformas digitais, mas também acendem um alerta para a necessidade de maior clareza e previsibilidade nas transições. Para os usuários do Trello, o momento é de análise: mapear o uso atual, comparar custos e funcionalidades e decidir entre pagar, adaptar ou migrar.
A transparência no processo — tanto nas comunicações quanto na experiência prática — será decisiva para que a ferramenta mantenha a confiança de sua base de usuários.
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