Ascensão de Pablo Marçal sacode o cenário político bolsonarista

Nicolau Maquiavel, em “O Príncipe”, discorre sobre a natureza pragmática da política, uma reflexão que ressoa no cenário político atual com a emergente figura de Pablo Marçal. O empresário e coach, agora candidato à prefeitura de São Paulo, tem provocado, inicialmente, incômodo e, mais recentemente, medo dentro do espectro bolsonarista.

Marçal, cuja campanha se alinha ao antissistema e ao antipolítico, ganha tração nas redes sociais, onde exibe uma robusta comunicação estratégica. Com uma postura de desafiante ao establishment, ele acusa seus adversários de serem comunistas e se posiciona como o legítimo representante da direita.

A entrada de Marçal na corrida eleitoral tem gerado um realinhamento no campo da direita, especialmente entre os eleitores de Jair Bolsonaro, que, derrotado em 2022 e inelegível, vê seu legado político ser disputado por várias figuras, incluindo Michele Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, e agora, Marçal.

Apesar das semelhanças superficiais com Bolsonaro, Marçal apresenta diferenças notáveis: é mais jovem, tem uma trajetória empresarial de sucesso e utiliza suas plataformas de mídia social de forma mais autônoma. Tais atributos têm lhe conferido uma vantagem no apelo aos jovens eleitores e àqueles frustrados com o tradicional bolsonarismo.

Para aprofundar essa análise, conversamos com Rodrigo Augusto Prando, professor e pesquisador do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Prando observa que “Marçal não apenas ocupa o espaço deixado por Bolsonaro, mas traz um significativo percentual de bolsonaristas para seu projeto. Isso tem provocado um fenômeno que já está sendo chamado de “marçalismo” – um novo capítulo do bolsonarismo, mas com um líder que parece entender e manipular melhor as ferramentas digitais para seu proveito.”

Prando acrescenta: “A capacidade de Marçal de conectar com uma base de eleitores jovens e tecnologicamente adeptos está reformulando o que muitos esperavam da política tradicional de direita no Brasil. Ele usa uma combinação de discurso antissistema e uma presença online muito assertiva para mobilizar apoio, algo que Bolsonaro também fez, mas Marçal parece estar levando a um novo nível.”

Essa mudança está levando muitos a questionar se as figuras tradicionais do bolsonarismo serão capazes de se adaptar ou se serão superadas por líderes emergentes como Marçal, que prometem redefinir a direita brasileira. O professor Prando sugere que “o impacto de Marçal pode ser tal que ele não apenas preencha o vácuo deixado por Bolsonaro, mas também expanda o espectro político da direita, atraindo eleitores que anteriormente não se engajavam politicamente.”

Resta aguardar para ver como essa transformação influenciará o cenário político nas próximas eleições e se as instituições e o eleitorado responderão favoravelmente a esse estilo renovado de política.

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