As condições climáticas de instabilidade que se instalaram na região centro-norte do Tocantins desde ontem devem persistir ao longo desta semana e do final de semana. De acordo com Elizabeth Alves Ferreira, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), as chuvas, ainda que isoladas, já atingem as cidades de Colinas do Tocantins, Palmas e Araguaína e podem se espalhar para outras áreas do estado, como Taguatinga e Gurupi, ao sul.
Apesar das chuvas, as temperaturas continuarão altas. Em Palmas, onde os termômetros chegaram a marcar 40°C nos últimos dias, a expectativa é de uma ligeira redução, com máximas variando entre 37°C e 38°C, valores que ainda indicam um calor intenso para a região.
Segundo Ferreira, essa mudança no clima é resultado da combinação de fatores atmosféricos. "Tivemos um longo período de predominância de ar seco, e agora estamos observando a entrada de uma massa de ar mais úmida e fria, que se choca com essa massa seca e quente. Esse encontro favorece a ocorrência de chuvas isoladas, além de criar condições para rajadas de vento, raios e até granizo", explica a meteorologista.
Essas tempestades pontuais, também chamadas de "temporais de verão", tendem a ser intensas e, por vezes, acompanhadas de fenômenos adversos. "Essas condições climáticas podem causar transtornos à população, especialmente em áreas urbanas, onde há risco de alagamentos e quedas de energia causadas por ventos fortes e descargas elétricas", alerta Ferreira.
Influência de jato em altos níveis
A especialista do INMET aponta que a formação de nuvens de tempestade está relacionada à atuação de um jato em altos níveis. Trata-se de uma corrente de vento intensa que se desloca a grandes altitudes, favorecendo a convergência de umidade vinda da região amazônica. "A combinação desses ventos com as elevadas temperaturas de superfície resulta em uma situação típica de início de estação chuvosa", diz.
Previsão para os próximos dias
A tendência é de que as chuvas continuem a ocorrer de forma irregular pelo Tocantins, com destaque para a parte centro-norte do estado. "Estamos em uma fase de transição para o período chuvoso. Isso significa que, até o fim de outubro, devemos ter dias alternados entre chuva e estiagem, mas com uma frequência maior de precipitações, especialmente durante a tarde e a noite", esclarece Elizabeth Ferreira.
Outubro marca o início do período chuvoso na região, mas esse início é, em geral, marcado por chuvas irregulares e, muitas vezes, intensas. A previsão é de que os volumes pluviométricos se estabilizem apenas a partir de novembro, quando a convergência de umidade se consolida e as chuvas se tornam mais regulares. “Ainda é possível que tenhamos intervalos sem precipitação ao longo de outubro, mas a tendência é de um aumento progressivo na quantidade de chuvas”, complementa a meteorologista.
Impacto na sgricultura e na saúde
A transição para o período chuvoso também traz implicações para a agricultura local e a saúde pública. Com a umidade do solo sendo restabelecida, há expectativa de recuperação das pastagens e de preparo para o plantio das lavouras de soja e milho, culturas importantes para a economia do estado.
Por outro lado, o início das chuvas pode aumentar a proliferação de mosquitos, como o Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya. “É importante que a população fique atenta a possíveis focos de água parada e redobre os cuidados com a prevenção dessas doenças”, alerta Ferreira.
Cuidados e recomendações
Diante da possibilidade de tempestades com raios e granizo, a meteorologista recomenda que a população se mantenha informada sobre os boletins meteorológicos e evite se abrigar debaixo de árvores ou estruturas frágeis durante os temporais. "É fundamental seguir as orientações das autoridades e buscar abrigo seguro durante episódios de fortes chuvas e ventos", ressalta.
A previsão é de que as condições de instabilidade se mantenham até o final de semana, com possibilidade de diminuição gradual das temperaturas e aumento das chuvas a partir de outubro.
