Um estudo publicado no Astrophysical Journal trouxe novas informações sobre a supernova SN 1181, registrada por astrônomos na China e no Japão em 1181. A pesquisa, liderada por Takatoshi Ko, doutorando em astronomia na Universidade de Tóquio, identificou SN 1181 como uma supernova do Tipo Iax, um evento raro em que duas anãs brancas colidem, resultando em uma explosão parcial e deixando um remanescente estelar.
Marcelo Zurita, da Associação Paraibana de Astronomia, explicou que estrelas que sobrevivem a esse tipo de explosão são conhecidas como “estrelas zumbi”. “Durante a supernova, a estrela expele suas camadas externas, mas não tem massa suficiente para se transformar em uma estrela de nêutrons, permanecendo como uma anã branca que pode brilhar por trilhões de anos devido ao calor residual”, disse Zurita.
Em 2021, o professor Albert Zijlstra, da Universidade de Manchester, identificou o remanescente da supernova SN 1181 em uma nebulosa na constelação de Cassiopeia, a cerca de 7.000 anos-luz da Terra. A nebulosa contém uma anã branca que sobreviveu à explosão, um fenômeno considerado incomum. Observações recentes mostraram que essa anã branca começou a emitir um vento estelar de alta velocidade há aproximadamente 20 anos.
Zurita também mencionou que “a dinâmica da nebulosa, ou seja, a velocidade com que a nuvem de gás e poeira se expande, sugere que essa supernova observada em 1181 é a mesma que deu origem à estrela zumbi que estudamos hoje”. Ele explicou que a anã branca remanescente pode ter se formado a partir da fusão de duas anãs brancas, um processo que pode gerar supernovas como a SN 1181.
Atualmente, a equipe de Takatoshi Ko está utilizando modelos computacionais para estudar a evolução desse remanescente estelar e planeja novas observações com o Very Large Array de radiotelescópios e o Telescópio Subaru, no Havaí, para entender melhor as características do evento original.
