Voo de repatriação de brasileiros no Líbano é adiado por motivos de segurança

O governo brasileiro adiou o primeiro voo de repatriação de cidadãos no Líbano, previsto para esta quarta-feira (4), devido à necessidade de reforçar as medidas de segurança para os comboios terrestres que conduziriam os repatriados ao aeroporto de Beirute. A operação foi suspensa por tempo indeterminado, e novas informações devem ser divulgadas ao longo do dia, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores (MRE).

O motivo do adiamento está relacionado à crescente insegurança na região, especialmente nas proximidades da fronteira sul do Líbano, onde a escalada do conflito entre o Hezbollah e as forças israelenses tem gerado um ambiente de alto risco. Essa situação levou as autoridades brasileiras a adotarem uma postura mais cautelosa, avaliando todas as possibilidades para garantir a segurança dos cidadãos brasileiros antes de proceder com a operação.

Números da repatriação

Estima-se que cerca de 150 brasileiros aguardem a repatriação. Esses cidadãos são, em sua maioria, descendentes de libaneses que moram na região há décadas, mas que decidiram deixar o país devido ao aumento das tensões nos últimos meses. Além do grupo que já estava preparado para o voo, outras 400 pessoas registraram interesse junto à Embaixada do Brasil no Líbano em serem repatriadas, caso a situação no país continue a deteriorar-se.

O Itamaraty informou que, ao todo, 1.500 brasileiros vivem no Líbano, segundo dados atualizados. Desde o início das tensões na fronteira, as autoridades têm monitorado de perto a situação, com suporte da Embaixada e de consulados honorários em outras cidades libanesas, como Trípoli e Sidon.

Esforços diplomáticos

O Ministério das Relações Exteriores destacou que está em constante contato com as autoridades libanesas para coordenar a operação e garantir que todos os brasileiros sejam retirados do país com segurança. Além disso, o governo brasileiro vem trabalhando em articulação com outros países que realizam operações semelhantes, trocando informações sobre rotas seguras e medidas de proteção.

Além do Brasil, outros países também têm intensificado seus esforços de repatriação. Na semana passada, a França e a Alemanha conseguiram retirar parte de seus cidadãos do Líbano, utilizando rotas aéreas e marítimas, mas enfrentaram os mesmos desafios relacionados à insegurança nas estradas e à proximidade com áreas de conflito.

Contexto do conflito

O Líbano vive uma escalada de tensões desde o início dos confrontos entre o Hezbollah, grupo xiita que controla grande parte do sul do país, e as forças de defesa de Israel. A situação se agravou após um incidente em meados de outubro, quando foguetes disparados do território libanês atingiram áreas no norte de Israel, desencadeando uma resposta militar israelense.

O Hezbollah, classificado como grupo terrorista por diversos países, incluindo os Estados Unidos, possui forte presença militar no sul do Líbano e exerce controle sobre várias localidades ao longo da fronteira com Israel. Desde o cessar-fogo de 2006, quando ocorreu o último grande confronto entre o Hezbollah e Israel, a região tem vivido uma situação de relativa calma, que foi rompida com os recentes ataques e as operações de retaliação de ambos os lados.

A resposta de Israel aos ataques tem incluído bombardeios a áreas controladas pelo Hezbollah, resultando em mortes de civis e aumentando a preocupação com a segurança da população local. O governo libanês declarou estado de alerta em várias regiões e intensificou as operações de segurança em Beirute e no sul do país.

Próximos passos

O Itamaraty indicou que, além do voo de repatriação, que será remarcado, há a possibilidade de novos voos ou até mesmo a utilização de rotas marítimas, dependendo da evolução do conflito e da disponibilidade de meios seguros de transporte. Em situações semelhantes, o Brasil já utilizou navios da Marinha para evacuar cidadãos de áreas de conflito, como ocorreu na crise na Líbia em 2011.

Além disso, o governo brasileiro orientou os cidadãos que estão no Líbano a seguirem as recomendações das autoridades locais e a permanecerem em contato com a Embaixada do Brasil. A recomendação é que evitem deslocamentos desnecessários e permaneçam em locais seguros até que as condições para a repatriação estejam garantidas.

O cenário no Líbano permanece volátil, e a situação deve ser acompanhada de perto, tanto pelo governo brasileiro quanto pela comunidade internacional. O conflito entre o Hezbollah e Israel é visto como um potencial desencadeador de uma nova guerra na região, o que coloca em risco milhares de vidas e agrava ainda mais a crise humanitária no Líbano, que já enfrenta uma grave crise econômica e política.

Impacto na região

A crescente tensão também tem gerado impacto em outros países da região. Na Síria, por exemplo, onde o Hezbollah tem forte presença militar, também houve relatos de ataques aéreos nas últimas semanas. O conflito agrava a situação de instabilidade que já assola o Oriente Médio, onde a guerra civil na Síria e o conflito israelo-palestino continuam a gerar consequências devastadoras.

Diante desse cenário, a operação de repatriação de brasileiros no Líbano torna-se um desafio logístico e diplomático, exigindo esforços coordenados entre diferentes órgãos do governo e medidas adicionais de segurança para garantir a proteção dos cidadãos envolvidos.

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