O mais recente relatório World Watch List 2025 da organização humanitária Portas Abertas trouxe à tona números alarmantes sobre a perseguição a cristãos no mundo. De acordo com o documento, mais de 380 milhões de cristãos enfrentam níveis elevados de discriminação e violência devido à sua fé, com mais de 4.400 mortos no último ano por motivos religiosos. Este cenário, que atinge principalmente países com instabilidade política e religiosa, também desperta questionamentos sobre a situação no Brasil e a postura global frente à liberdade de crença.
A Perseguição no Mundo
O relatório aponta que a Coreia do Norte continua liderando a lista de países mais perigosos para cristãos, com uma estimativa de 50 mil a 70 mil fiéis presos em campos de concentração. Países como Somália, Iêmen, Líbia e Sudão também ocupam as primeiras posições devido à combinação de extremismo islâmico, tribalismo e instabilidade política. No Oriente Médio, berço do cristianismo, a migração forçada e a violência têm esvaziado comunidades inteiras, ameaçando a preservação da herança cultural e religiosa da região.
Na África, a Nigéria destaca-se pelo número de cristãos mortos, resultado de ataques promovidos por grupos extremistas como Boko Haram. Em países como Mianmar, a guerra civil tem agravado a perseguição, com igrejas sendo atacadas e cristãos forçados ao deslocamento interno.
O Brasil e a Liberdade Religiosa
No Brasil, o país com a maior população católica do mundo e uma crescente presença evangélica, a situação não se equipara aos níveis extremos de perseguição relatados globalmente. No entanto, segundo especialistas, há desafios relacionados à liberdade religiosa.
De acordo com a advogada e especialista em direitos humanos, Maria Clara Ribeiro, “no Brasil, a liberdade religiosa está protegida pela Constituição, mas há casos de intolerância, principalmente contra religiões de matriz africana, que frequentemente enfrentam discriminação e violência”. Apesar disso, Ribeiro destaca que a perseguição no país é mais sutil, envolvendo preconceitos sociais e, em menor escala, atos de violência.
Cristãos no Mundo
- Católicos: O Brasil lidera como o maior país católico, com cerca de 123 milhões de fiéis, segundo o Anuário Pontifício. No mundo, estima-se que haja 1,3 bilhão de católicos.
- Evangélicos: Este grupo tem crescido exponencialmente, representando aproximadamente 600 milhões de pessoas globalmente. No Brasil, o número de evangélicos passou de 22% da população em 2010 para cerca de 31% em 2020, segundo o IBGE.
Mulheres Cristãs Sob Ataque
O relatório também enfatiza o aumento da violência contra mulheres cristãs, com quase 4 mil casos de estupro e violência sexual registrados em 2025. Casamentos forçados e tráfico humano são outras formas de opressão enfrentadas por mulheres em países onde a fé cristã é reprimida. Essas situações, muitas vezes, permanecem ocultas devido a barreiras culturais e sociais que dificultam a denúncia.
Reflexão e Respostas
O crescimento da perseguição religiosa exige respostas urgentes da comunidade internacional. O teólogo Pedro Costa, especialista em cristianismo contemporâneo, ressalta: “A liberdade religiosa é um pilar dos direitos humanos e deve ser defendida globalmente. A omissão diante da opressão de minorias religiosas é uma falha moral e política que ameaça os fundamentos de uma sociedade justa.”
No Brasil, embora o cenário seja mais brando em comparação a outras nações, a intolerância religiosa ainda demanda atenção. Políticas públicas que promovam a convivência pacífica entre diferentes expressões de fé são essenciais para fortalecer o caráter plural e democrático do país.
A perseguição a cristãos no mundo revela não apenas o impacto da intolerância, mas também a necessidade de preservarmos, em todas as nações, o direito fundamental à liberdade de crença.
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