Com batata-doce a R$ 4,35 e tomate acima de R$ 8,50, consumidores sentem no prato o impacto da entressafra e do transporte interestadual.
A última atualização do painel nacional de preços de hortigranjeiros no atacado revela um cenário de pressão inflacionária sobre a mesa dos tocantinenses. Produtos básicos como batata-doce, tomate, cebola e alface apresentaram forte variação em Palmas (TO), quando comparados a praças de distribuição próximas, como Goiânia (GO), Brasília (DF) e São Luís (MA).
Em Palmas a batata-doce chegou a R$ 4,35/kg, o tomate a R$ 8,75/kg, a cebola a R$ 3,25/kg e a alface a R$ 30,00/dúzia. Os valores, atualizados até 28 de março, colocam o Tocantins entre os estados com preços médios mais altos do país para esses produtos — superando inclusive cidades como Goiânia, referência regional em abastecimento.
Segundo Elisângela Ferreira, economista, “o Tocantins ainda depende fortemente de centros atacadistas de outros estados para abastecimento, o que encarece os produtos devido ao frete e à logística. A entressafra em algumas regiões produtoras também agrava o quadro”.
Variação regional e impacto no consumo
Comparando-se ao mercado de Goiânia, por exemplo, onde a batata-doce é comercializada a R$ 2,54 e a cebola a R$ 2,50, os preços em Palmas estão até 70% mais altos em alguns itens. O mesmo acontece com o alface, vendido por até R$ 50,00 em Ceasas do Sul, mas mantido em média de R$ 24,00 no Tocantins.
O feirante Domingos Ribeiro, que atua no setor Jardim Aureny I, em Palmas, relata que a alta dos preços já tem freado as vendas: “Tem cliente voltando com a sacola mais vazia. A gente tenta segurar, mas chega com preço alto e não dá pra vender no prejuízo.”
O cenário atinge diretamente o consumo das famílias, principalmente as de menor renda, que dependem das feiras e mercados populares para acessar alimentos frescos.
Produção local ainda insuficiente
Apesar de avanços em hortas urbanas e projetos de incentivo à agricultura familiar no norte do estado, o Tocantins ainda não consegue suprir a demanda interna por hortaliças e frutas. Para Renato Luz, engenheiro agrônomo e consultor em agronegócio, “há um descompasso entre o potencial agrícola do estado e o foco produtivo. A prioridade ainda está nas culturas de exportação, como soja e milho. Hortifrúti exige estrutura, irrigação, armazenagem e uma logística mais refinada.”
Segundo ele, o estímulo a cooperativas locais poderia ajudar a reduzir a dependência externa e estabilizar os preços.
Projeções e medidas de alívio
A previsão de chuvas mais regulares nos próximos meses pode ajudar a reduzir o impacto da entressafra e ampliar a oferta, segundo Dora Menezes, analista de mercado: “Já vemos queda nos preços do pepino e da cenoura, e o tomate pode recuar com a entrada de lavouras de Goiás e Minas. Mas tudo vai depender da regularidade das entregas.”
Enquanto isso, o consumidor precisa ficar atento à sazonalidade. Alternar produtos e buscar feiras em diferentes bairros pode ser uma saída para driblar os preços altos.
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