Crise política se agrava no entorno de Eduardo Siqueira Campos; equipe entra em colapso após prisão do prefeito e Câmara articula impeachment
A já fragilizada gestão de Eduardo Siqueira Campos vive um novo colapso político. Nesta terça-feira (2), a exoneração de Carlos Júnior, chefe de gabinete do prefeito afastado, escancarou a ruptura definitiva dentro do grupo. O ato foi assinado pelo prefeito interino Carlos Veloso, e provocou forte reação da mãe do exonerado, Luciana Monturil, que publicou um desabafo nas redes sociais acusando o vice de falta de “lealdade, respeito e dignidade”.
“Hoje é um daqueles dias difíceis de digerir”, escreveu Luciana. “Vejo meu filho sendo desligado de seu cargo, não por falta de competência ou comprometimento, mas por algo muito mais duro de aceitar: a incoerência de quem deveria, neste momento, estar agindo com lealdade, respeito e dignidade.”
O cargo de chefe de gabinete é, historicamente, um dos mais pessoais da estrutura do Executivo, e sua troca em momentos de transição costuma ser vista como natural. No entanto, a crítica pública da mãe de Carlos Júnior evidencia a tensão emocional e política que se instalou na cúpula da gestão desmantelada.
Por que Eduardo Siqueira Campos foi preso
O prefeito de Palmas foi preso preventivamente pela Polícia Federal em 27 de junho, no âmbito da Operação Sisamnes — um dos mais graves desdobramentos da crise institucional entre Judiciário e política nos últimos anos.
Eduardo é acusado de liderar uma organização criminosa especializada em vazar informações sigilosas de julgamentos do Superior Tribunal de Justiça (STJ), com o objetivo de blindar aliados, se antecipar a investigações e manipular decisões administrativas e judiciais em benefício próprio.
Segundo os autos da investigação, o esquema envolvia a venda de sentenças judiciais, acesso privilegiado a votos de ministros antes da publicação oficial, montagem de defesas sob medida e orientações para escapar de operações policiais em andamento.
A PF afirma que Eduardo comandava o núcleo político do grupo e utilizava sua influência para manter aliados nomeados em pontos-chave da máquina pública — inclusive em Brasília.
A operação foi deflagrada com base em conversas interceptadas, transações suspeitas e documentos obtidos durante ações de busca e apreensão. O Ministério Público Federal já apresentou denúncia formal, e o habeas corpus que garantiu a posse de Eduardo está sob análise final do STJ, com sinalizações negativas nos bastidores jurídicos e políticos.
A queda de Carlos Júnior e a fúria da família
A prisão de Eduardo provocou um efeito dominó. Com o prefeito afastado judicialmente, Carlos Veloso assumiu interinamente e deu início à reorganização interna. Carlos Júnior foi o primeiro exonerado — e, com ele, começa a ruir o núcleo duro de confiança de Eduardo.
A reação pública da mãe, Luciana Monturil, tenta reverter o dano simbólico e preservar a imagem do filho, que é visto nos bastidores como soberbo, dissimulado e politicamente instável.
“Não se trata de apego ao cargo. Nossa indignação não é movida por vaidade ou interesse pessoal. É movida por um sentimento mais amargo: a constatação de que há quem confunda oportunidade com oportunismo.”
Ela conclui:
“E quando tudo passar (porque vai passar), ficará evidente quem permaneceu de pé com dignidade e quem se apoiou em conveniências. Seguimos firmes, com fé, consciência limpa e cabeça erguida.”
Mais exonerações virão
Fontes do Diário Tocantinense afirmam que Carlos Júnior foi apenas o primeiro. Nomes como Élcio Mendes, Gabriela Siqueira Campos (filha de Eduardo) e “Soro” já constam na lista de substituições prevista por Carlos Veloso. A orientação interna é clara: quem tiver vínculo direto com as decisões mais polêmicas da gestão anterior será substituído.
No Centro Administrativo, o clima é de pânico, incerteza e disputas veladas por sobrevivência política.
Impeachment entra no radar da Câmara
Com a possível negação definitiva do habeas corpus de Eduardo, vereadores da base e da oposição já discutem a abertura formal de um processo de impeachment, alegando improbidade, crime de responsabilidade e perda de governabilidade.
Nos bastidores, parlamentares afirmam que as últimas notas públicas de apoio a Eduardo foram articuladas e pressionadas por Carlos Júnior, sem apoio real e espontâneo da maioria dos vereadores.
“Agora que ele caiu, ninguém mais vai segurar essa bomba sozinho”, afirmou um vereador sob reserva. “A cidade precisa virar a página. E rápido.”
O Diário Tocantinense abre espaço para que os envolvidos comentem o assunto por meio de nota: redacao@diariotocantinense.com.br
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