Com tom conciliador, Lula fala em soberania e integração no bloco sul-americano; analistas apontam “tensão controlada” com governo argentino
Ricardo Fernandes I Diário Tocantinense- Durante a 64ª Cúpula do Mercosul, realizada em Assunção, capital do Paraguai, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumiu nesta terça-feira (2) a presidência temporária do Mercosul, sucedendo o paraguaio Santiago Peña. Em seu discurso, Lula defendeu a unidade da América do Sul, a soberania dos povos e a cooperação econômica como resposta à crise global.
A cerimônia de transição foi marcada por expectativas diplomáticas tensas, sobretudo devido à presença do presidente argentino Javier Milei, conhecido por suas críticas ao petista e a posturas progressistas do bloco.
“Precisamos de um Mercosul forte, plural e soberano, que respeite as diferenças políticas e atue em defesa de nossos povos”, afirmou Lula.
🌐 Especialistas falam em “diplomacia de contenção”
Apesar do tom respeitoso entre os presidentes, especialistas em relações internacionais avaliam que Lula e Milei encarnam projetos opostos de integração. Enquanto Lula defende um Mercosul mais político e socialmente engajado, Milei busca um bloco econômico minimalista, com menos intervenção estatal.
A professora Daniela Tessler, da UnB, analisou:
“Lula assume em um momento em que o Mercosul precisa de resgate político. A presença de Milei impõe um desafio diplomático e exige maturidade dos dois líderes para não travar o bloco.”
💬 Milei evitou falar diretamente com Lula
Embora tenha comparecido à cúpula, o presidente argentino não teve reunião bilateral com Lula. Fontes da diplomacia brasileira relataram que os dois evitaram se cumprimentar diretamente, mas mantiveram postura institucional durante o encontro conjunto.
Apesar da tensão velada, há uma expectativa de que a liderança brasileira ajude a destravar negociações comerciais com a União Europeia e impulsione pautas ambientais no bloco, especialmente em preparação para a COP30 em Belém.
🔚 Conclusão
A presidência de Lula no Mercosul marca um retorno do Brasil ao centro da diplomacia sul-americana. Em meio a tensões ideológicas com líderes como Javier Milei, o desafio será manter a coesão regional sem comprometer a pauta de desenvolvimento sustentável e inclusão social que o governo brasileiro busca implementar no bloco.
Crédito: CNN BRASIL
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