Prefeitos eleitos no Tocantins sugerem força política independente para 2026 e incomodam governistas

Uma recente foto dos prefeitos eleitos das cinco maiores cidades do Tocantins — Eduardo Siqueira Campos (Podemos), de Palmas; Wagner Rodrigues (União Brasil), de Araguaína; Josi Nunes (União Brasil), de Gurupi; Ronivon Maciel (União Brasil), de Porto Nacional; e Celso Morais (MDB), de Paraíso do Tocantins — gerou desconforto entre governistas, principalmente entre aqueles que planejam disputar a sucessão estadual em 2026. Com exceção de Gurupi, onde o governador Wanderlei Barbosa manteve um apoio discreto, os candidatos apoiados pelo governo não obtiveram sucesso nessas cidades, em um recado de autonomia que evidencia um cenário político fragmentado e complexo para o próximo ciclo eleitoral.

Segundo apurado pela redação do Diário Tocantinense, para aliados do governador  o simbolismo da imagem é evidente. Cada um desses prefeitos representa uma liderança consolidada em sua cidade e, juntos, somam uma base eleitoral relevante — aproximadamente 40,2% do eleitorado tocantinense, com 470.969 eleitores, em um estado com 1.171.342 aptos a votar. Somados, os prefeitos eleitos nessas cidades receberam 213.263 votos, o equivalente a 18,2% dos eleitores do Tocantins. O resultado mostra que o apoio governamental, quando oferecido, não foi suficiente para garantir vitórias e, em vez disso, as urnas indicaram uma rejeição aos candidatos diretamente ligados ao governo, principalmente em uma disputa marcada pela renovação e pela busca de lideranças com forte representação local.

“A vitória desses prefeitos indica uma tendência de fortalecimento das lideranças locais com projetos independentes do governo estadual, o que pode complicar alianças para 2026,” analisa o cientista político Antônio Soares.

Perfis e Cenário Eleitoral em 2024

Palmas: Eduardo Siqueira Campos (Podemos)
Eduardo Siqueira Campos, eleito com 53,03% dos votos válidos (78.673 votos), inverteu a disputa contra Janad Valcari (PL), que obteve 46,97%, totalizando 69.656 votos. A capital tocantinense, com 209.524 eleitores, consolidou Eduardo como liderança independente. “Essa vitória em Palmas foi um recado claro ao governo e revela que a base de Siqueira pode ser decisiva em uma eventual candidatura apoiada por ele em 2026”, observa Soares.

Araguaína: Wagner Rodrigues (União Brasil)
Em Araguaína, segundo maior colégio eleitoral do estado, com 118.990 eleitores, o governador apoiou Jorge Frederico (Republicanos), que teve 21,17% dos votos válidos (19.637 votos). Com 78,83% dos votos (73.158 votos), Rodrigues demonstrou controle total sobre a cidade. Para Soares, “Rodrigues em Araguaína representa uma força eleitoral que desafia o governo em uma cidade estratégica. Essa vitória sugere um isolamento da influência do governo em regiões-chave do estado”.

Gurupi: Josi Nunes (União Brasil)
Gurupi, com 60.761 eleitores, teve o apoio moderado do governador à reeleição de Josi Nunes, que obteve 55,47% dos votos válidos (25.533 votos). Em uma vitória que consolida sua força no sul do estado, Nunes se destaca como uma figura forte e independente para o futuro. “A campanha em Gurupi teve o apoio do governo, mas foi a liderança pessoal de Josi Nunes que garantiu a vitória. Esse resultado reforça a imagem de uma prefeita autônoma,” analisa Soares.

Porto Nacional: Ronivon Maciel (União Brasil)
Porto Nacional, com 46.348 eleitores, viu a vitória de Ronivon Maciel, reeleito com 65,25% dos votos (20.000 votos), em oposição ao candidato apoiado pelo governador, Antônio Andrade (Republicanos), que alcançou 34,75% (10.648 votos). Porto Nacional é um importante centro histórico e político, e a liderança de Maciel, independente do apoio governamental, sugere uma autonomia crescente. Soares observa que “Ronivon representa uma voz forte fora da esfera de influência do governo e terá peso nas negociações de 2026.”

Paraíso do Tocantins: Celso Morais (MDB)
Em Paraíso do Tocantins, com 35.346 eleitores, Celso Morais foi reeleito com 80,57% dos votos (15.899 votos), contra o candidato governista Osires Damaso (Republicanos), que obteve 19,43% (3.833 votos). Morais, com uma base eleitoral consolidada, destaca-se como uma liderança local forte. “Celso Morais é uma figura que representa uma voz independente e de relevância regional, algo que deve ser levado em conta para o cenário de 2026”, pontua Soares.

Desafios para 2026

A fotografia dos prefeitos, que poderia ser vista apenas como um registro comemorativo, carrega um peso político significativo. Para analistas, o encontro demonstra uma possível formação de blocos autônomos que podem desafiar diretamente as pretensões do governo. A imagem representa o fortalecimento de prefeitos que, eleitos sem apoio significativo do governador, consolidam uma base de apoio relevante e podem se tornar peças-chave em 2026.

Com quase metade do eleitorado concentrado nessas cidades, a união desses prefeitos indica uma força que pode dividir o cenário político do Tocantins. Para Wanderlei Barbosa e os pré-candidatos governistas, o desafio será garantir apoio nessas áreas ou, no mínimo, mitigar o impacto de um possível bloco opositor. A presença desses líderes na imagem demonstra uma autonomia que pode ser transformada em uma frente forte e decisiva para a disputa estadual.

O Tocantins está diante de um cenário de reconfiguração política. A foto dos prefeitos sugere um movimento de independência que põe em cheque a influência do governo estadual, enquanto os líderes das cidades maiores se destacam pela solidez de suas bases eleitorais e pelo apoio popular consolidado. Para 2026, os blocos políticos do Tocantins terão de se posicionar, e é possível que a vitória nas eleições estaduais dependa da capacidade de articulação entre o governo e os prefeitos de Palmas, Araguaína, Gurupi, Porto Nacional e Paraíso do Tocantins.

Soares conclui: “Para Wanderlei Barbosa e os governistas, o futuro depende de reconhecer a autonomia dessas lideranças e de buscar construir pontes em vez de divisões. 2026 será um ano de desafios e alianças no Tocantins.”

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