Com o início do próximo ano se aproximando, as articulações políticas no Senado Federal ganham força para a eleição da nova Mesa Diretora. Com 11 cargos em disputa — um presidente, dois vice-presidentes, quatro secretários titulares e quatro suplentes — a Mesa Diretora será responsável pela gestão interna da Casa e pelas decisões administrativas pelos próximos dois anos. O atual presidente, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), não poderá concorrer novamente, pois já está em seu segundo mandato consecutivo, o limite permitido pela Constituição para presidentes da Câmara e do Senado.
A eleição da Mesa Diretora será realizada no início de 2025, e os senadores eleitos para os cargos terão a possibilidade de reeleição. Entre os nomes já lançados para a disputa pela presidência do Senado, destacam-se Davi Alcolumbre (União-AP) e Soraya Thronicke (Podemos-MS). Entretanto, até fevereiro, novas candidaturas podem surgir, e acordos políticos podem redefinir o cenário atual.
Composição e atribuições da Mesa Diretora
A Mesa Diretora é composta por 11 membros, entre eles um presidente, dois vice-presidentes, quatro secretários titulares e quatro suplentes. Esses cargos são fundamentais para o funcionamento do Senado, sendo responsáveis tanto pela condução das sessões quanto pela gestão administrativa e pelas decisões sobre a pauta legislativa.
- Presidente: Responsável por convocar e presidir as sessões do Senado e as conjuntas do Congresso Nacional, o presidente também representa a Casa em eventos oficiais, define a pauta das sessões e decide sobre questões de ordem.
- 1º e 2º vice-presidentes: Substituem o presidente na ausência ou impedimento, seguindo a hierarquia.
- 1º secretário: Supervisiona atividades administrativas e realiza a leitura de correspondências e documentos, além de registrar os resultados das votações.
- 2º secretário: Registra e assina as atas das sessões secretas, atuando em conjunto com o 1º secretário.
- 3º e 4º secretários: Auxiliam na organização das sessões, fazem a chamada dos senadores e contam os votos.
- Suplentes: Substituem os secretários em caso de ausência ou impedimento, garantindo a continuidade dos trabalhos.
Processo de eleição: votação secreta e hierarquia
O processo de eleição da Mesa Diretora é iniciado com a escolha do presidente, seguida pela eleição dos vice-presidentes, secretários titulares e suplentes. Qualquer senador pode se candidatar aos cargos, sendo comum a formação de blocos parlamentares que buscam fortalecer as candidaturas por meio de acordos partidários.
Diferentemente da Câmara dos Deputados, onde a votação utiliza urnas eletrônicas, o Senado adota cédulas impressas, e a votação é secreta. É eleito o candidato que recebe a maioria dos votos dos 81 senadores. Embora candidaturas avulsas sejam permitidas, elas são raras e, em geral, possuem menos força política, pois os blocos parlamentares exercem grande influência.
Candidatos e apoio partidário a presidencia do Senado
Davi Alcolumbre, do União Brasil, é um dos nomes mais cotados para a presidência do Senado em 2025. Ex-presidente da Casa entre 2019 e 2021, Alcolumbre já conta com o apoio de partidos como PP, PSB e PDT, que juntos somam 14 senadores. Além disso, o próprio União Brasil, com sete senadores, dá suporte à sua candidatura. Recentemente, o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, sinalizou apoio a Alcolumbre, aumentando as chances do senador conquistar a maioria dos votos.
Outro nome que desponta na disputa é o da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), que busca fortalecer sua base de apoio, principalmente entre a bancada feminina e grupos de oposição. Além de Soraya, o senador Marcos Pontes (PL-SP) também anunciou sua candidatura, defendendo uma postura mais independente e destacando temas como ciência, tecnologia e integridade nas instituições.
A influência dos blocos e negociações partidárias no Senado
Historicamente, a ocupação dos cargos da Mesa Diretora no Senado seguia o critério de proporcionalidade, garantindo mais vagas aos partidos com maior número de senadores. No entanto, nos últimos anos, a composição tem sido fortemente influenciada por negociações e acordos políticos, o que permite que partidos menores possam ocupar posições estratégicas mediante alianças.
Em 2019, por exemplo, a eleição foi realizada com chapa única, uma vez que os partidos negociaram previamente a distribuição dos cargos. Esse cenário reduziu a disputa e conferiu à votação um caráter simbólico. A prática de acordos prévios não apenas facilita a formação da Mesa, mas também evita conflitos e fortalece a coesão interna da Casa. No entanto, com o aumento da fragmentação partidária e a formação de novos blocos, há expectativa de uma disputa mais acirrada em 2025.
Estratégias e acordos para garantir a maioria
Com 41 votos necessários para a eleição, Davi Alcolumbre já reúne apoios suficientes para fortalecer sua posição. Além do União Brasil, PP, PSB e PDT, outros partidos como o PSD, o PL e o MDB, maiores bancadas da Casa, têm manifestado interesse em se aliar a Alcolumbre, visando ocupar cargos estratégicos na Mesa e em comissões permanentes. Esse apoio é decisivo para a formação da Mesa, uma vez que os partidos buscam influenciar as decisões administrativas e legislativas.
O líder do PL, Rogério Marinho, afirmou recentemente que o partido está discutindo uma composição com Alcolumbre para garantir que as pautas da oposição tenham maior espaço e visibilidade. Esse acordo inclui a possibilidade de o PL ocupar posições de destaque na Mesa Diretora e em comissões importantes, como a de Constituição e Justiça (CCJ). Marinho destacou ainda que o respeito à proporcionalidade é uma exigência do partido para apoiar a candidatura de Alcolumbre.
Marcos Pontes e a candidatura independente a presidencia do Senado
Enquanto as articulações avançam em torno de Alcolumbre, o senador Marcos Pontes (PL-SP) lançou uma candidatura independente para a presidência do Senado, defendendo um projeto de renovação e transparência. Em discurso no plenário, Pontes declarou que sua candidatura é motivada pelo compromisso de representar as necessidades e expectativas da população e de restaurar a confiança nas instituições.
Pontes destacou que, caso eleito, buscará compor uma Mesa Diretora que promova a imparcialidade e o respeito à proporcionalidade, garantindo um espaço equilibrado para todos os partidos. Ele enfatizou que seu compromisso é com a integridade e a justiça, sem comprometer sua candidatura com alianças partidárias. “Tenho a responsabilidade de lutar por um Senado mais atuante e justo, que defenda o interesse público e respeite as normas internas,” afirmou.
Expectativas para a eleição da Mesa Diretora do Senado
A eleição para a Mesa Diretora do Senado em 2025 traz uma série de expectativas e desafios para o próximo mandato. Com articulações intensas entre os partidos, a disputa pelo cargo de presidente e demais posições promete definir os rumos do Senado Federal nos próximos anos, influenciando tanto a pauta legislativa quanto a dinâmica interna da Casa.
Davi Alcolumbre aparece como um dos favoritos, com apoio consolidado de partidos importantes. No entanto, candidaturas como a de Soraya Thronicke e Marcos Pontes apontam para um cenário ainda aberto, que pode ser alterado conforme novos acordos e alianças sejam formados até fevereiro.
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