Com 3,88% das famílias abaixo da linha da pobreza, estado ocupa a 14ª posição no país e supera média regional. Sociólogos apontam efeitos de programas articulados e políticas de transferência de renda.
Por Fernanda Cappellesso
Goiânia, 21 de abril de 2025
O estado do Tocantins aparece como um dos melhores colocados da Região Norte no combate à pobreza, segundo o Ranking de Competitividade dos Estados 2025, publicado pelo Centro de Liderança Pública (CLP). O levantamento indica que apenas 3,88% dos domicílios tocantinenses têm renda per capita mensal inferior a R$ 218 — valor que define a linha da pobreza segundo o Decreto Federal nº 11.566/2023.
O dado coloca o Tocantins na 3ª colocação entre os estados nortistas, atrás apenas do Pará (3,46%) e do Amapá (3,74%). No ranking nacional, o estado ocupa a 14ª posição entre as 27 unidades federativas, superando Rondônia (5,92%), Roraima (6,16%), Amazonas (4,96%) e Acre (8,88%).
Programas sociais intersetoriais são diferencial, dizem especialistas
Para o sociólogo Nilton Cardoso, doutor e pesquisador de políticas públicas no Norte do país, os números refletem uma “mudança de paradigma” na forma como os estados da Região Norte têm enfrentado a pobreza.
“O Tocantins apostou na intersetorialidade, com programas como o Rede Cuidar e o AlimenTO, que atuam em múltiplas frentes ao mesmo tempo: saúde, renda, educação e alimentação. É um modelo que não trata só o sintoma da pobreza, mas ataca suas causas estruturais”, avalia Cardoso.
Já a socióloga Ana Cláudia Vilas-Boas disse que:
“A liderança do Executivo estadual e a participação da sociedade civil foram determinantes. A atuação da primeira-dama como coordenadora de projetos sociais trouxe capilaridade e foco. O modelo tocantinense é pragmático, e isso faz diferença nos territórios.”
Destaques do combate à pobreza no Tocantins
1. Projeto Rede Cuidar
Lançado em fevereiro de 2025, atua em 12 eixos estratégicos, como segurança alimentar, habitação e geração de renda. O diferencial está na integração entre secretarias, permitindo ações conjuntas e otimizadas.
2. Programa AlimenTO
Distribui cartões de R$ 250 mensais para compra de alimentos, com foco em famílias em insegurança alimentar grave. A meta inicial é 5 mil famílias beneficiadas.
3. Tocantins Alimenta Quem Precisa
Arrecadou mais de 160 toneladas de alimentos em eventos culturais em 2024, com distribuição feita por meio de parcerias com instituições sociais.
4. Jovem Trabalhador
Programa de primeiro emprego voltado para adolescentes e jovens em situação de risco, com financiamento do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecoep-TO). É o maior da Região Norte, segundo o Governo do Estado.
Dados nacionais: onde Tocantins se posiciona
| Estado | % Famílias abaixo da linha da pobreza |
|---|---|
| Rio Grande do Sul | 1,57% |
| Goiás | 1,57% |
| Distrito Federal | 1,73% |
| Santa Catarina | 1,75% |
| Tocantins | 3,88% |
| Amazonas | 4,96% |
| Rondônia | 5,92% |
| Roraima | 6,16% |
| Maranhão | 8,16% |
| Acre | 8,88% |
Fonte: Ranking de Competitividade dos Estados 2025 – CLP
Governo vê reconhecimento de política pública planejada
O governador Wanderlei Barbosa comemorou os dados como “prova de que as ações estão promovendo mudanças reais” e destacou o papel da inclusão social. Já o secretário de Planejamento, Sergislei de Moura, afirmou que os avanços refletem planejamento técnico, gestão fiscal e decisão política orientada por evidências.
A primeira-dama e secretária extraordinária de Participações Sociais, Karynne Sotero, responsável por coordenar programas como o Rede Cuidar, destacou a importância da eficiência e integração:
“Criamos um modelo que aproxima o Estado da população. O objetivo é transformar políticas em soluções reais.”
Exemplo na Região Norte
Embora ainda enfrente desafios, o Tocantins mostra que políticas públicas articuladas, com foco territorial, escuta social e transferência de renda direta, podem fazer diferença nos indicadores de pobreza.
“A redução da pobreza depende menos de projetos pontuais e mais da continuidade, integração e avaliação constante das políticas. O Tocantins está trilhando esse caminho”, finaliza a socióloga Ana Cláudia.
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