Alta transmissibilidade da doença exige reforço na higiene e atenção redobrada com crianças de até 5 anos
Rio Grande do Sul já registrou 91 surtos em 2024; especialistas recomendam isolamento e cuidados sintomáticos
A Doença Mão-Pé-Boca (DMPB), infecção viral altamente contagiosa que afeta majoritariamente crianças de até cinco anos, tem se espalhado com velocidade em diversas regiões do Brasil. Causada principalmente pelo vírus Coxsackie A16— e em alguns casos pelo Enterovírus 71 —, a DMPB não é nova, mas voltou a preocupar autoridades sanitárias após o aumento de surtos registrados em ambientes escolares.
Segundo dados oficiais, apenas no Rio Grande do Sul, foram notificados 91 surtos da doença até o início de novembro de 2024, espalhados por 33 municípios. As ocorrências refletem o potencial de disseminação do vírus, especialmente em creches e escolas, onde o contato entre crianças é constante e o compartilhamento de objetos, inevitável.
Principais sintomas e transmissão
O quadro clínico da DMPB se manifesta com febre, lesões dolorosas na boca que dificultam a alimentação e erupções cutâneas — geralmente bolhas — nas palmas das mãos, solas dos pés, nádegas e região genital. Outros sintomas incluem dor de garganta, mal-estar, vômitos, diarreia e perda de apetite.
A transmissão ocorre por contato direto com secreções de pessoas infectadas (saliva, secreções nasais e fezes), além de objetos e superfícies contaminadas. Ambientes fechados, pouco ventilados e com grande circulação infantil representam o maior risco.
Tratamento e cuidados
Apesar da aparência alarmante, a DMPB costuma ter evolução benigna. Não há tratamento antiviral específico. As recomendações médicas se concentram em aliviar os sintomas: uso de antitérmicos e analgésicos para controlar febre e dor, hidratação constante e alimentação leve. É fundamental manter a criança afastada do convívio coletivo até a recuperação total.
“Mesmo com sintomas brandos, a criança pode continuar transmitindo o vírus por dias. O isolamento é essencial para conter surtos em unidades educacionais”, alerta a pediatra infectologista Ana Valéria Lima.
Medidas de prevenção
A melhor forma de evitar a disseminação da DMPB continua sendo a prevenção. As principais orientações incluem:
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Higiene das mãos com água e sabão;
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Limpeza frequente de brinquedos e superfícies;
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Evitar compartilhamento de objetos pessoais como talheres, copos e toalhas;
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Ambientes bem ventilados.
Com a chegada de surtos localizados, secretarias municipais de saúde estão reforçando campanhas de conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce e da notificação imediata por parte de escolas e famílias.
“A população precisa entender que não se trata de uma doença grave, mas extremamente contagiosa. A conscientização é o primeiro passo para controlar a propagação”, conclui Ana Valéria.
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