O Setembro Amarelo terminou, mas a conscientização sobre o combate ao suicídio precisa ser constante. Dados alarmantes do Boletim IPPES 2024 revelam que, entre 2018 e 2023, 821 profissionais da segurança pública no Brasil tiraram a própria vida, além de 226 inativos que também recorreram ao suicídio. Esses números refletem a gravidade de um problema que vai além das estatísticas, afetando profundamente um setor vital para a sociedade.
O papel da Capelania Militar
A Capelania Militar se apresenta como uma resposta crucial a essa crise. Combinando assistência religiosa e suporte espiritual não confessional, a Capelania busca oferecer acolhimento e orientação aos profissionais da segurança pública. Essa abordagem integral fortalece a saúde mental dos agentes e cria um espaço de cuidado em meio ao estresse contínuo da profissão.
A atuação dos capelães transcende barreiras religiosas, proporcionando conforto emocional e promovendo o bem-estar psicológico. Para muitos desses profissionais, a presença de capelães qualificados é um alívio em meio às dificuldades diárias. Além disso, a Capelania atua preventivamente, ajudando a criar redes de apoio que podem salvar vidas.
Desafios e a necessidade de políticas públicas
Os números do Boletim IPPES mostram que os policiais militares representam a maioria das vítimas, correspondendo a 57% dos suicídios entre profissionais da ativa. Essa estatística reforça a necessidade de ações direcionadas a esse público. Embora algumas instituições já contem com equipes de apoio psicológico e assistência social, a ampliação desses recursos é indispensável.
Políticas públicas voltadas à saúde mental desses trabalhadores são fundamentais. É urgente sensibilizar as autoridades e a sociedade para a criação de alternativas eficazes de prevenção. A inclusão da Capelania como parte das políticas de saúde mental é um passo importante, oferecendo uma camada adicional de suporte emocional e espiritual.
Impactos para a sociedade
A assistência espiritual não beneficia apenas os profissionais diretamente envolvidos, mas também a sociedade como um todo. Trabalhadores emocionalmente equilibrados estão mais aptos a desempenhar suas funções com eficácia, aumentando a sensação de segurança e bem-estar da população.
A prevenção ao suicídio deve ser vista como uma prioridade nacional, especialmente em setores como a segurança pública, onde o impacto psicológico é mais evidente. Ao valorizar e cuidar desses profissionais, promovemos uma sociedade mais equilibrada e justa.
Capacitação e eventos voltados à Capelania
Iniciativas como o Curso de Capelania em Segurança Pública destacam a relevância do tema. A formatura da segunda turma, prevista para novembro em Palmas-TO, reunirá profissionais e especialistas para debater a espiritualidade como pilar da saúde integral. A programação inclui apresentações, reflexões e atividades que reforçam o propósito maior da Capelania: levar esperança e promover o combate ao adoecimento emocional.
Com custos estimados em R$ 37 mil, o evento busca apoio de patrocinadores para viabilizar uma programação abrangente, que inclui participantes de outros estados e ações destinadas a diferentes contextos, como ambientes escolares, hospitalares e prisionais.
O enfrentamento do suicídio na segurança pública exige uma abordagem multidimensional, que inclua assistência psicológica, social e espiritual. A Capelania se consolida como um elemento essencial nessa luta, promovendo acolhimento, fortalecimento emocional e uma visão integral da saúde.
Cuidar dos profissionais da segurança pública é cuidar da sociedade. O suporte contínuo, somado ao engajamento político e social, pode transformar realidades e salvar vidas. Como destacou o capelão Gilberto Correia da Silva, “lidamos com vidas humanas, e esse é um investimento cujo retorno é incalculável”.
Capelão destaca a importância do investimento em assistência espiritual
O capelão Gilberto Correia da Silva, voluntário e atuante na Capelania Militar, ressalta a relevância de iniciativas como a assistência espiritual institucional na segurança pública. Segundo ele, o trabalho realizado vai muito além de ações religiosas, envolvendo acolhimento, cuidado emocional e prevenção de tragédias como o suicídio.
“Lidamos com vidas humanas, e esse é um investimento cujo retorno é incalculável. Cada ação que realizamos, seja no suporte a um profissional em crise ou na prevenção ao adoecimento emocional, impacta não apenas o indivíduo, mas toda a sociedade que depende da segurança pública”, afirmou.
Gilberto enfatiza que a Capelania não apenas oferece suporte emocional e espiritual, mas também atua como uma ponte para fortalecer os vínculos sociais e profissionais, criando um ambiente de maior equilíbrio emocional dentro das corporações. Ele reforça a necessidade de políticas públicas que viabilizem e ampliem essas ações, destacando que o investimento em saúde mental e espiritualidade é um dos pilares para a construção de uma segurança pública mais humanizada e eficaz.
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