O Tocantins confirmou um novo caso de raiva humana, envolvendo um homem de 50 anos, atualmente internado em estado grave em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO), o paciente apresentou sintomas após ser mordido por um cachorro desconhecido. Exames realizados pelo Instituto Pasteur confirmaram a presença do vírus da raiva, sendo detectada a variante Desmodus rotundus, comum em morcegos.
O caso está em investigação, e as autoridades de saúde não descartam outras possíveis fontes de transmissão, como morcegos, bovinos ou raposas. Este é o 12º registro de raiva humana no Tocantins desde 1991, um dado que reforça a necessidade de medidas preventivas e conscientização da população.
Histórico e contexto da raiva no Tocantins
Entre 1991 e 2024, o Tocantins registrou 11 casos de raiva humana em diferentes municípios, todos sem sobreviventes. As cidades afetadas foram: Gurupi (2), Araguaína (2), Tocantinópolis (2), Santa Fé do Araguaia (1), Palmeirópolis (1), Arraias (1), Ponte Alta do Tocantins (1) e Alvorada (1).
O caso mais recente, em 2024, ocorre em Alvorada. O paciente teve contato com um cachorro de origem desconhecida, mas as investigações buscam confirmar se a transmissão ocorreu por meio de outro animal infectado com a variante associada a morcegos. Este é o segundo caso de raiva humana registrado no Brasil em 2024, o primeiro tendo ocorrido em Piripiri, no Piauí, envolvendo um ataque por um primata não humano.
Situação atual e ações do governo
A SES-TO informou que equipes municipais e estaduais já realizaram visitas à região onde vive o paciente. Foram aplicadas vacinas em pessoas e animais que tiveram contato com ele, além de reforço nas ações educativas para prevenção da raiva. O Ministério da Saúde enviou 20 mil doses de vacina antirrábica para intensificar a imunização de cães e gatos na área.
A última campanha de vacinação antirrábica no Tocantins ocorreu entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024, alcançando 85% da população animal, o equivalente a 303.841 cães e gatos vacinados. A meta é que os municípios continuem as ações de imunização até atingir 100% de cobertura.
Além da vacinação, a SES-TO destacou a importância da profilaxia pós-exposição, que inclui a aplicação imediata de vacinas antirrábicas em pessoas agredidas por animais mamíferos. O tratamento deve ser iniciado rapidamente para evitar a evolução da doença, que é letal na maioria dos casos.
Impacto nacional da raiva
Entre 2010 e 2024, o Brasil registrou 49 casos de raiva humana, com diferentes fontes de transmissão. Desses, 24 foram causados por morcegos, nove por mordidas de cães, seis por primatas não humanos, quatro por felinos, dois por raposas, um por bovino e dois casos sem identificação da fonte. Em 2023, dois casos foram registrados: um em Mantena (MG), envolvendo um bovino infectado com a variante de morcego, e outro em Cariús (CE), causado por um primata não humano.
O caso do Tocantins em 2024 reforça a preocupação com a vigilância epidemiológica, principalmente em áreas rurais e regiões com maior contato humano-animal. A raiva continua sendo uma das doenças mais letais do mundo, com taxa de mortalidade próxima a 100% após o aparecimento dos sintomas.
Como prevenir a raiva
A raiva é uma doença viral que afeta o sistema nervoso central e é transmitida pela saliva de animais infectados, principalmente por mordidas, arranhões ou lambeduras em feridas abertas. A principal forma de prevenção é a vacinação antirrábica de cães e gatos, aliada a ações educativas para conscientizar a população.
Em casos de agressão por animais mamíferos, a profilaxia imediata é essencial. Recomenda-se lavar o local da mordida ou arranhão com água e sabão, procurar atendimento médico e relatar o incidente às autoridades de saúde. Além disso, animais suspeitos de raiva devem ser monitorados ou sacrificados de acordo com as orientações sanitárias.
Conscientização e reforço das ações
A SES-TO reforça a importância de campanhas contínuas de vacinação e monitoramento em áreas vulneráveis. “A vacinação de cães e gatos é uma medida simples, mas crucial para prevenir a raiva. É essencial que todos os municípios se mobilizem para atingir a cobertura total”, destacou um representante da secretaria.
Com a confirmação do novo caso, o Tocantins acende o alerta para a necessidade de vigilância epidemiológica constante. “A raiva é uma doença silenciosa, mas devastadora. Cada caso confirmado é um lembrete de que precisamos reforçar as ações preventivas e conscientizar a população sobre os riscos”, concluiu o representante.
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