O Tocantins enfrenta um aumento alarmante de casos de dengue com a chegada do período chuvoso. Dados do último boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde (SES-TO) mostram que, entre os dias 29 de dezembro de 2024 e 25 de janeiro de 2025, foram registrados 625 casos prováveis da doença, representando um crescimento de 224% em comparação ao mesmo período do ano passado, quando 193 casos foram notificados.
Apesar da explosão de novos casos, nenhuma morte foi confirmada pela doença até agora em 2025. No entanto, o avanço acelerado das infecções tem preocupado especialistas e gestores da saúde pública, que alertam para a possibilidade de agravamento da situação caso medidas preventivas não sejam intensificadas.
A expansão da dengue no estado
Os casos estão se espalhando rapidamente por diversas regiões do Tocantins, com algumas cidades registrando aumento expressivo no número de notificações. A capital Palmas lidera o ranking de casos confirmados, seguida por Paraíso do Tocantins, Araguaína e Colinas do Tocantins. Municípios menores, como Darcinópolis e Paranã, também apresentam índices alarmantes, o que evidencia que a doença está atingindo tanto grandes centros urbanos quanto cidades menores.
De acordo com o epidemiologista Ricardo Vasconcelos, professor da Universidade Federal do Tocantins (UFT), o aumento expressivo da dengue neste período do ano já era esperado devido às chuvas e ao calor intenso, condições ideais para a proliferação do Aedes aegypti. “O mosquito encontra nas chuvas do verão um ambiente perfeito para se reproduzir, já que qualquer recipiente com água parada pode se tornar um criadouro”, explica.
Além disso, o especialista alerta para um fator preocupante: a circulação de diferentes sorotipos do vírus da dengue no estado, o que pode levar a infecções mais graves. “Nos últimos anos, tivemos surtos majoritariamente do sorotipo DENV-1, mas agora já há confirmação da presença do DENV-2 e do DENV-3 em algumas cidades. Isso significa que muitas pessoas que já tiveram dengue no passado podem ser infectadas novamente, com risco aumentado de desenvolver formas mais graves da doença”, ressalta Vasconcelos.
Sintomas e agravamento dos casos
O avanço acelerado das infecções preocupa profissionais de saúde, principalmente pelo risco de aumento nos casos graves. A maioria dos pacientes apresenta a forma clássica da doença, caracterizada por febre alta, dores musculares, cansaço extremo e manchas avermelhadas na pele. No entanto, há registros de casos de dengue com sinais de alarme, que pode evoluir rapidamente para complicações graves, como hemorragias internas, falência de órgãos e até mesmo óbito.
A médica infectologista Lívia Andrade, que atende pacientes com dengue em Palmas, reforça que a automedicação pode piorar o quadro de saúde dos infectados. “Muitas pessoas tomam anti-inflamatórios sem orientação médica, como ibuprofeno e ácido acetilsalicílico, que podem aumentar o risco de sangramentos. O ideal é procurar atendimento médico assim que surgirem os primeiros sintomas”, orienta a especialista.
A infectologista também destaca que os hospitais do estado já começam a sentir o impacto da alta nos casos, com aumento na demanda por atendimento. “Se os números continuarem subindo dessa forma, algumas unidades de saúde podem ficar sobrecarregadas, principalmente aquelas que atendem a população mais vulnerável”, afirma.
Ações do governo e desafios no combate à doença
Diante do avanço dos casos, a Secretaria Estadual de Saúde do Tocantins afirmou que já está reforçando as ações de combate ao Aedes aegypti, com intensificação das visitas de agentes de endemias e campanhas de conscientização. No entanto, o órgão reconhece que o controle da doença depende da colaboração da população, já que 80% dos criadouros do mosquito estão dentro das casas.
“O poder público pode fazer sua parte, mas se a população não eliminar os focos de proliferação do mosquito dentro de casa, será impossível conter o avanço da doença”, afirma Antônio Moreira, coordenador estadual de Vigilância Epidemiológica.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também se manifestou sobre o aumento da dengue no Brasil e recomendou que estados e municípios reforcem as campanhas de conscientização, além de monitorar os casos graves para evitar mortes. Segundo a entidade, o combate à dengue não pode ser feito apenas em períodos de surtos, mas deve ser uma política pública contínua para evitar epidemias nos próximos anos.
Como se proteger da dengue
Diante do avanço da doença no estado, especialistas recomendam medidas preventivas para evitar a proliferação do Aedes aegypti. Entre as principais ações estão:
- Eliminar recipientes com água parada, como pneus, garrafas plásticas, vasos de plantas e calhas entupidas;
- Manter caixas d’água e reservatórios bem fechados;
- Usar repelentes e telas de proteção em portas e janelas;
- Procurar atendimento médico ao primeiro sinal de sintomas, evitando a automedicação.
A SES-TO reforça que qualquer pessoa que apresentar sintomas da dengue deve procurar atendimento em uma unidade de saúde imediatamente. “A dengue pode evoluir rapidamente, e um diagnóstico precoce pode evitar complicações graves”, conclui Antônio Moreira.
Com o aumento expressivo dos casos e o alerta de especialistas, a preocupação agora é evitar que a situação se agrave ainda mais nas próximas semanas, exigindo medidas emergenciais das autoridades sanitárias e da população.
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