Dados revelam crescimento dos evangélicos no país e mudanças significativas no perfil religioso do Tocantins
Segundo os dados mais recentes divulgados pelo Vaticano, o número de católicos no mundo chegou a 1,406 bilhão de fiéis, mantendo-se como a maior denominação cristã global. No entanto, o avanço das igrejas evangélicas, especialmente no Brasil e em estados do Norte como o Tocantins, tem chamado atenção de estudiosos e lideranças religiosas.
De acordo com o relatório do Vaticano de 2024, os católicos representam 17,7% da população global, com crescimento tímido, mas contínuo, em países da África e da Ásia. Já os evangélicos, que integram o segmento protestante, somam cerca de 851 milhões de fiéis no mundo, de acordo com o Pew Research Center. Isso corresponde a mais de um terço da população cristã global.
Crescimento evangélico no Brasil se intensifica, especialmente nas regiões Norte e Centro-Oeste
No Brasil, o IBGE ainda não divulgou os dados consolidados do Censo Demográfico 2022, mas estimativas de institutos como o IPEA e o Datafolha indicam uma queda contínua no número de católicos nas últimas décadas. Em 2010, os católicos representavam 64,6% da população brasileira, enquanto os evangélicos somavam 22,2%.
Em 2023, a proporção de evangélicos já ultrapassava os 31% da população em algumas regiões, especialmente no Centro-Oeste e no Norte do país, incluindo o Tocantins.
Especialistas explicam as mudanças no cenário religioso
Segundo o sociólogo Ricardo Mariano, pesquisador da USP, o crescimento dos evangélicos no Brasil é impulsionado por diversos fatores:
- A atuação mais dinâmica das igrejas evangélicas nas periferias e áreas rurais
- O uso estratégico das mídias digitais e programas de rádio e TV
- A forte presença em ações sociais e atendimento comunitário
Para a antropóloga Cristiane Alves, da Universidade Federal do Tocantins (UFT), o cenário tocantinense segue a tendência nacional, mas com especificidades locais:
“O Tocantins tem um território de ocupação recente e muitos movimentos migratórios internos. Isso favorece a atuação de igrejas evangélicas, que chegam com estrutura flexível e com forte apelo de acolhimento comunitário.”
O perfil religioso do Tocantins: diversificação e avanço evangélico
No último Censo (2010), o Tocantins tinha 69% da população católica e 21% evangélica. Projeções recentes de institutos como o IBGE e a Fundação Perseu Abramo apontam que, em 2024, os evangélicos já representam cerca de 32% dos tocantinenses, enquanto os católicos recuaram para cerca de 58%.
A expansão de igrejas evangélicas em áreas urbanas e rurais tem sido acompanhada também pela multiplicação de templos e lideranças locais. Denominações como Assembleia de Deus, Igreja Batista, Igreja Universal do Reino de Deus e Ministério Internacional da Restauração têm presença marcante em cidades como Palmas, Araguaína, Gurupi e Porto Nacional.
Panorama global: cristianismo ainda é maioria, mas cresce menos que outras religiões
Dados consolidados por centros de pesquisa como o Pew Research Center indicam que o cristianismo corresponde a 31% da população mundial, com cerca de 2,3 bilhões de fiéis. Dentro desse grupo:
- Católicos: 1,4 bilhão
- Evangélicos/protestantes: 851 milhões
- Ortodoxos e outras vertentes cristãs: cerca de 150 milhões
Outras religiões também têm crescimento relevante:
- Islamismo: 1,8 bilhão
- Hinduísmo: 1,1 bilhão
- Budismo: 500 milhões
- Sem religião: 1,2 bilhão
No cenário global, o crescimento do islamismo, impulsionado pelo crescimento populacional em países do Oriente Médio e norte da África, chama atenção de demógrafos.
Religiões em transformação: novas igrejas, mais diversidade e maior pluralidade no Brasil
O avanço evangélico não significa o desaparecimento do catolicismo ou de outras crenças. O Brasil vive um processo de pluralização religiosa, com crescimento de igrejas pentecostais, neopentecostais, movimentos espiritualistas e crenças ligadas a tradições afro-brasileiras.
Além disso, há também um número crescente de brasileiros sem religião, especialmente entre os mais jovens e com maior escolaridade.
De acordo com o sociólogo Juliano Spyer, autor do livro Povo de Deus: quem são os evangélicos e por que eles importam, esse cenário exige uma nova forma de olhar para a religião:
“Não estamos vendo uma substituição, mas uma reorganização do campo religioso. As pessoas buscam experiências espirituais que dialogam com suas vivências cotidianas, com linguagem acessível, acolhimento e pertencimento.”
o futuro das religiões no Brasil e no Tocantins
Com a estabilização do número de católicos no mundo e o crescimento progressivo dos evangélicos no Brasil, o país caminha para um cenário mais equilibrado entre as duas maiores correntes cristãs, especialmente em estados como o Tocantins.
O que se observa é um movimento dinâmico, onde mudanças culturais, urbanas, políticas e econômicas influenciam diretamente o mapa religioso brasileiro.
Os dados do próximo Censo do IBGE, previstos para 2025, deverão confirmar essa tendência e oferecer um retrato ainda mais preciso da nova configuração religiosa do país.
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