Dados atualizados do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp) revelam um retrato alarmante da violência contra mulheres na região Norte do Brasil. Somente entre janeiro e março de 2025, 87,7% das vítimas de estupro e feminicídio registradas na região eram do sexo feminino. O número representa 2.125 mulheres entre as 2.424 vítimas notificadas oficialmente nesse período.
Com média de 27 vítimas por dia, os registros envolvem tanto estupros consumados quanto feminicídios, considerados crimes de alta gravidade e impacto social. A taxa geral na região ficou em 51,57 casos por 100 mil habitantes, segundo os dados compilados no painel interativo do Ministério da Justiça.
Pará lidera os casos na região Norte
Entre os sete estados que compõem a região, o Pará aparece em primeiro lugar, com 1.134 vítimas registradas — quase metade do total regional. Em seguida, estão:
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Rondônia: 368 casos
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Amazonas: 308
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Amapá: 153
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Tocantins: 192
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Acre: 136
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Roraima: 133
Apesar do elevado número, houve queda de 9,55% em comparação com o mesmo período de 2024. Em janeiro de 2025 foram notificadas 822 vítimas, em fevereiro 790, e em março o número voltou a subir, atingindo 812.
Perfil das vítimas e subnotificação
O perfil das vítimas mostra ampla predominância de mulheres: das 2.424 vítimas contabilizadas no trimestre, 2.125 são do sexo feminino, 249 do sexo masculino e 50 casos seguem sem identificação de gênero.
Especialistas alertam que o número pode ser ainda maior devido à subnotificação, especialmente em áreas de difícil acesso e em comunidades tradicionais. Organizações que atuam com defesa de direitos da mulher destacam a importância de políticas públicas voltadas à prevenção da violência, acolhimento das vítimas e punição rigorosa dos agressores.
Tocantins mantém tendência de redução
Em Tocantins, foram 192 vítimas registradas no período. O estado manteve a tendência de redução já observada em anos anteriores, com ações integradas das forças de segurança e campanhas de conscientização.
O que dizem os especialistas
A criminalista Luana Andrade, pesquisadora de violência de gênero, ressalta que o percentual de 87,7% de vítimas mulheres evidencia um padrão estrutural. “Esse dado é a confirmação de que os corpos femininos seguem sendo os mais vulneráveis à violência, sobretudo nas regiões periféricas e com menor presença do Estado.”
Já o sociólogo Paulo Diniz, consultor de políticas públicas do Observatório da Violência, destaca que o Norte exige respostas específicas: “Há desigualdade no acesso a delegacias especializadas, redes de apoio e campanhas educativas. Sem isso, a subnotificação se mantém alta.”
Apesar da leve queda nos índices em 2025, os números apontam que a violência contra mulheres continua sendo um problema central de segurança pública no Norte do país. A predominância de vítimas femininas em crimes como estupro e feminicídio reforça a urgência de medidas integradas e contínuas para proteção e justiça.
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