Presidente defende governança ambiental global com fiscalização efetiva, investimento internacional na Amazônia e participação ativa de chefes de Estado na conferência em Belém
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste sábado (7), durante coletiva de imprensa na França, que a COP30 — Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, marcada para novembro de 2025 em Belém (PA) — será conduzida com “seriedade, responsabilidade e foco nos resultados concretos”. Lula ressaltou que o Brasil pretende transformar o encontro em um marco para a redefinição das bases de financiamento climático global, exigindo que os países desenvolvidos cumpram as promessas feitas em edições anteriores.
“Vamos fazer uma COP séria. Nada de muita festa, mas sim de debate e discussão. A responsabilidade é enorme, e vamos fazer um encontro separado com chefes de Estado para aprofundar as negociações. A COP será um novo paradigma para a questão ambiental”, declarou.
Amazônia como símbolo e dívida histórica do Norte global
A decisão de realizar o evento em Belém tem como pano de fundo a tentativa brasileira de colocar a Amazônia no centro do debate climático internacional. “Quero que o mundo veja a cara da Amazônia, porque todo mundo pensa que é só um monte de árvore. Não. São 30 milhões de seres humanos vivendo ali, muitos em situação de vulnerabilidade”, afirmou Lula, mencionando populações como indígenas, extrativistas, pescadores e pequenos agricultores.
Lula voltou a cobrar o cumprimento de promessas financeiras feitas por países ricos para ajudar no combate às mudanças climáticas. “Eles se industrializaram à custa da carbonização e agora precisam pagar para ajudar a descarbonizar. A conta já está em mais de 1 trilhão de dólares. Se tivessem feito a parte deles antes, o valor não seria tão alto”, disse, referindo-se aos compromissos não cumpridos desde o Acordo de Paris.
Reformulação de organismos internacionais
Em tom crítico, o presidente também cobrou mudanças na estrutura de governança ambiental global. Segundo Lula, é urgente que os fóruns multilaterais sejam reformados para garantir efetividade às decisões e mecanismos de fiscalização. “Se a gente não tiver uma governança mundial com poder real, nada muda. Estamos tentando criar as condições para um novo paradigma de seriedade no debate climático.”
Metas brasileiras: exemplo e cobrança internacional
Lula reforçou o papel do Brasil como líder climático ao destacar os compromissos voluntários assumidos pelo país: zerar o desmatamento na Amazônia até 2030 e reduzir entre 59% e 67% as emissões de gases de efeito estufa até 2035. O presidente mencionou ainda o uso predominante de fontes renováveis na matriz energética brasileira e a recomposição dos quadros do Ibama e do ICMBio como sinais concretos de que o país está fazendo sua parte.
“O que queremos saber é se os outros países vão ter o mesmo comportamento. Os cientistas não estão inventando. O calor excessivo está aí, inclusive na Amazônia”, enfatizou.
Governança local e investimentos no combate ao desmatamento
Além do esforço diplomático, Lula destacou a importância da articulação interna para conter o avanço da devastação ambiental. “Se os prefeitos e governadores não estiverem conosco, não venceremos. O prefeito é o primeiro a sentir o cheiro da fumaça e saber se o fogo é acidental ou provocado”, declarou.
O governo federal já destinou cerca de R$ 1 bilhão para reforçar a atuação do Ibama, com aquisição de equipamentos e contratação de novos agentes de fiscalização. A estratégia, segundo o presidente, é fortalecer a capacidade operacional da União sem abrir mão da cooperação federativa.
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