Diário Tocantinense- Enquanto o Sul do Brasil enfrenta uma das ondas de calor mais severas do ano, o estado de Goiás vive uma situação distinta, mas igualmente preocupante. A meteorologista Elizabete Alves Ferreira, coordenadora regional do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) em Goiás, explicou que o estado está sob influência de altas temperaturas aliadas à umidade elevada — combinação que favorece temporais isolados com risco de alagamentos, descargas elétricas e quedas de energia.
“Essa onda de calor é mais intensa na região Sul. Em Goiás, o cenário é diferente: temos calor forte, mas o que mais chama atenção é a umidade do ar, que está bastante alta. Isso aumenta o risco de chuvas intensas, especialmente no período da tarde e da noite”, afirmou Elizabete ao Diário Tocantinense.
Cidades com maior risco
Regiões como Jataí, Rio Verde, São Simão e Mineiros têm registrado máximas próximas aos 39 °C, enquanto Goiânia permanece com temperaturas entre 30 °C e 34 °C. A umidade relativa do ar, por sua vez, varia entre 50% e 95% — patamar considerado alto para esta época do ano. Esse contraste cria um ambiente instável, propício para formações de nuvens carregadas e pancadas de chuva com ventania.
“Elas são chuvas rápidas, localizadas, mas podem ser perigosas. A população precisa estar atenta às mudanças repentinas no tempo. Uma tarde de céu azul pode, em poucos minutos, se transformar em cenário de tempestade”, explicou a meteorologista.
Comportamento diferente de outras regiões
A condição climática em Goiás se diferencia da observada no Sul do país, onde uma massa de ar seco e quente tem mantido os termômetros acima dos 40 °C e inibido a formação de nuvens. No Centro-Oeste, o calor vem acompanhado de instabilidade, o que torna a previsão do tempo mais desafiadora.
Enquanto estados como Rio Grande do Sul e Paraná enfrentam baixa umidade e aumento expressivo da sensação térmica, Goiás vive o oposto: o calor úmido, que eleva o desconforto térmico e aumenta o risco de tempestades.
Recomendações do INMET
O INMET orienta a população goiana a redobrar os cuidados durante esse período. As principais recomendações incluem:
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Evitar abrigo sob árvores durante tempestades, devido ao risco de quedas e raios;
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Não estacionar veículos próximos a estruturas instáveis;
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Desligar aparelhos eletrônicos em caso de trovoadas;
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Acompanhar os alertas divulgados pelos canais oficiais do INMET e da Defesa Civil.
Além disso, é fundamental que prefeituras e órgãos públicos estejam preparados para responder a ocorrências como alagamentos, quedas de energia e interrupções no trânsito urbano.
Alerta climático reforça necessidade de adaptação urbana
Segundo especialistas ouvidos por O Globo, a combinação de calor e chuvas fortes tende a se tornar cada vez mais frequente com o avanço das mudanças climáticas. “Eventos extremos que antes eram esporádicos agora acontecem com mais regularidade. Isso exige planejamento urbano, investimento em drenagem e comunicação eficiente com a população”, avaliou um técnico do setor de climatologia da região Centro-Oeste.
Em Goiás, os sistemas de alerta e monitoramento têm sido fortalecidos, mas ainda há deficiências em cidades médias e pequenas, onde a resposta a desastres climáticos pode ser lenta ou insuficiente.
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