O Tocantins registra aumento expressivo nos casos de bronquiolite e pneumonia em bebês e crianças pequenas neste mês de junho. Segundo dados parciais da Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO), unidades hospitalares de Gurupi, Araguaína e Palmas operam com alta taxa de ocupação nos leitos pediátricos, e há registro de suspensão de procedimentos eletivos para dar prioridade aos atendimentos de doenças respiratórias.
O quadro reflete um movimento nacional. Dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontam que a bronquiolite provocada pelo vírus sincicial respiratório (VSR) é a principal causa de internação de crianças menores de dois anos em todo o país durante os meses de outono e início do inverno. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil já superou a marca de 10 mil internações por bronquiolite apenas nos primeiros cinco meses de 2025.
No Tocantins, médicos relatam aumento de até 50% na procura por atendimentos pediátricos nas últimas semanas. No Hospital Infantil de Palmas, a demanda por leitos subiu significativamente, com casos que exigem oxigenoterapia e suporte intensivo.
O pediatra Tiago Menezes, que atua na rede estadual de Goiás, afirma que a maior parte dos casos envolve crianças com menos de 2 anos de idade. “Recebemos muitos pacientes com sinais de desconforto respiratório, chiado no peito e febre persistente. O VSR é o agente mais comum neste período, mas há também registros de coinfecção com rinovírus e influenza, o que agrava os quadros clínicos”, explica.
A cobertura vacinal contra a gripe está abaixo da meta de 90% em diversas cidades tocantinenses. Segundo boletim da SES-TO divulgado em maio, apenas 61% das crianças de até cinco anos haviam sido vacinadas contra influenza em Araguaína. Em Gurupi, a taxa era ainda menor: 58%. A imunização contra o vírus influenza não impede a bronquiolite por VSR, mas reduz o risco de coinfecção e complicações.
O infectologista João Antônio Borges, afirma que a baixa adesão à vacinação infantil e a circulação precoce de vírus respiratórios explicam a pressão atual sobre a rede hospitalar. “As temperaturas mais amenas favorecem a disseminação de vírus, e as crianças pequenas têm o sistema imunológico menos desenvolvido. É um período crítico todos os anos, mas a intensidade varia conforme a cobertura vacinal e a capacidade de resposta da rede pública”, observa.
A Secretaria de Saúde recomenda que os pais fiquem atentos aos sinais clínicos — como tosse, febre alta, chiado no peito e respiração acelerada — e busquem atendimento médico ao primeiro sintoma persistente. A pasta também reforça a importância de manter o calendário vacinal em dia e de adotar medidas de prevenção, como higienização frequente das mãos, evitar aglomerações em locais fechados e manter os ambientes ventilados.
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